Autor: LUSA/AO Online
"Os primeiros indicadores que temos desta segunda jornada de luta é que a greve está a paralisar muitas creches, jardins de infância da região, lares de idosos, centros de dia e centros de atividades ocupacionais. Algumas salas de jardins de infância estão a funcionar, mas as cozinhas estão fechadas devido à greve", adiantou à agência Lusa o dirigente sindical Luís Armas, do SINTAP - Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos.
Os trabalhadores das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e Misericórdias dos Açores cumprem desde as 00h00 de hoje um segundo período de greve, que se estende até às 24h00 de sexta-feira.
Os trabalhadores das IPSS e Misericórdias dos Açores já tinham cumprido nos dias 28 e 29 de outubro um primeiro período de paralisação, em protesto pelos aumentos propostos pela URMA (União Regional das Misericórdias dos Açores) e pela URIPSSA (União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores), que não vão além de 1%.
De acordo com o dirigente sindical, o segundo período de greve "está a ter expressão bastante significativa em sete ilhas dos Açores, à exceção das Flores e Corvo, que têm sempre uma adesão fraca".
"E esperamos que na sexta-feira a adesão ainda seja maior", acrescentou, indicando que a greve "teria mais impacto se as instituições não estivessem a usar os trabalhadores de programas ocupacionais para poderem abrir algumas valências, o que é de todo incorreto".
Luís Armas disse que, após várias reuniões com a URMA e com a URIPSSA, "o impasse nas negociações continua".
"Temos uma contraproposta que propõe aumentos de 3% com retroativos a julho de 2021. Estamos a aguardar resposta. Tudo faremos pela via do diálogo e da concertação social para se chegar a um acordo que seja justo para os trabalhadores", disse o sindicalista.
Luís Armas sustentou "as IPSS e Misericórdias receberam do Governo Regional, entidade financiadora, um reforço de quatro milhões de euros para 2021 e 2022, o que corresponde a um aumento de 16,5%, contemplando também uma majoração de 91 euros para quem aufere o ordenado mínimo regional".
"E não se pode receber milhões e querer dar aos trabalhadores tostões", apontou.
De acordo com os dados divulgados pelo SINTAP/Açores, os primeiros três escalões de rendimentos dos trabalhadores afetos às IPSS e Misericórdias da região auferem todos o salário mínimo, uma vez que os seus vencimentos base não foram atualizados durante vários anos, e acabaram por ser “absorvidos” pelo ordenado mínimo regional.