São necessários mais do que "jeitinhos" da 'troika'

O secretário-geral do PS, António José Seguro, disse hoje ficar "satisfeito" se o Governo seguir a sua proposta de negociar a nível político com a "troika", mas sublinhou que são necessários mais do que "jeitinhos" dos credores


Seguro falava a propósito das deslocações do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, a Bruxelas, Frankfurt e Washington, entre hoje e quinta-feira, as cidades-sede da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, para encontros com os responsáveis da ‘troika’ de credores.

“Se [o Governo] está a seguir as minhas propostas eu fico satisfeito. Vamos ver quais são os resultados, mas eu fico satisfeito que o Governo siga as propostas que o PS faz”, acrescentou, respondendo a questões dos jornalistas em Ponta Delgada, no final de uma audiência com o presidente do Governo Regional dos Açores, o também socialista Vasco Cordeiro.

Para Seguro, o país não precisa de “mais do mesmo”, ou seja, “a ‘troika’ vem dizer que está tudo a correr bem e depois flexibiliza um bocadito uma meta”.

“O que o país precisa, não é disso. É de fazer uma avaliação séria e rigorosa e responder a uma pergunta. Durante estes dois anos concretizámos alguma meta? Atingimos algum dos objetivos do memorando, quer em matéria do défice orçamental quer em matéria da dívida? Não. E qual é o preço que estamos a pagar do ponto vista económico e social por esta política de austeridade? Quase um milhão de desempregados e o nosso PIB caiu neste período cerca de dez mil milhões de euros, isto é, dez vezes mais do que o inicialmente previsto”, afirmou.

O líder do PS reiterou que “o realismo e o bom senso mandam que se pare com este caminho” e se opte pela via da estabilização da economia e do crescimento para atingir o equilíbrio das contas públicas, lembrando que defende há meses “a renegociação política” do programa de ajustamento.

“O que é que o Governo tem feito? Tem dito aos portugueses: façam todos os sacrifícios que é possível atingir os objetivos. Depois, quando fica aflito porque não atingiu os objetivos ou porque vê que é impossível de os atingir vai pedir à ‘troika’: vejam lá se nos dão aqui um jeitinho e se em vez deste ano ser 4,5 pode ser 5,5 e se para o ano podem-nos dar mais outro jeitinho. Ora isto não vai la com jeitinhos, vai lá com realismo e vai lá sobretudo com o reconhecimento e a avaliação de que esta política de austeridade é errada”, sublinhou.

Seguro revelou ainda que o PS tem neste momento um “grupo de trabalho” a estudar, para futuro, situações que “devem ser adotadas pelo país de modo a criar mais equidade em todos os sistemas, sejam eles de saúde de educação ou de pensões e reformas”, sem adiantar mais pormenores.

Questionado sobre o “cenário” de novos cortes salariais a funcionários públicos que passem para a mobilidade, na sequência do recente chumbo do Constitucional, respondeu que se isso acontecer “o Governo não aprende com os erros” porque “a política de cortes” provoca mais austeridade, mais falências e desemprego, agravando ainda o problema da dívida e do défice.

O líder socialista lembrou que o PS já apresentou um pacote de medidas alternativas à política do Governo, dizendo que ainda esta semana será apresentada a proposta da redução do IRC para os primeiros 12.500 euros de lucro das empresas.

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