Açoriano Oriental
Roteiro fotográfico dá a conhecer obras do pintor Domingos Rebêlo em Ponta Delgada
Fotografias de seis quadros do pintor açoriano Domingos Rebêlo começam esta segunda-feira a ser expostas na cidade de Ponta Delgada, um "momento simbólico", que visa divulgar a sua obra, segundo o presidente da autarquia.
Roteiro fotográfico dá a conhecer obras do pintor Domingos Rebêlo em Ponta Delgada

Autor: Lusa/AO Online

O projeto “Roteiro Domingos Rebêlo – Ponta Delgada revisitada”, desenvolvido pela câmara de Ponta Delgada em parceria com o investigador e neto do pintor Jorge Rebêlo, terá um “caráter permanente e informativo”, sendo que o primeiro 'mupi' ficará instalado no antigo Cais da Alfândega, junto à sede da PSP, onde Domingos Rebêlo pintou um dos seus mais célebres quadros, em que retrata a partida de emigrantes.

Ao todo, serão instalados seis 'mupis' na cidade “do ponto de vista onde o próprio Domingos Rebêlo fez o respetivo quadro”, afirmou o presidente da câmara de Ponta delgada, José Manuel Boleiro, numa conferência de imprensa para apresentar o projeto, que conta também com a colaboração do fotógrafo Fernando Resendes.

Domingos Maria Xavier Rebêlo nasceu em Ponta Delgada em dezembro de 1891 e nos seus quadros, ao longo de uma carreira de mais de 60 anos, retratou a cultura açoriana, sendo apelidado até hoje de “pintor etnográfico”.

José Manuel Bolieiro disse que o projeto nasceu de uma conversa com Jorge Rebêlo e que este é um “momento simbólico, afetivo e de justiça”.

"[A estratégia do município passa por] valorizar o que é nosso, a nossa gente e dar a público o reconhecimento que entre nós, muitas vezes, não é feito pelos nossos, mas que têm uma valia internacional que só nós, na nossa dimensão tão reduzida, não valorizamos”, afirmou o autarca.

A Câmara Municipal de Ponta Delgada possui dois quadros de Domingos Rebêlo, estando um deles no salão nobre e o outro no gabinete do presidente.

O fotógrafo Fernando Resendes salientou que durante toda a sua vida, o que Domingos Rebêlo fez foi destacar a sua terra, sendo por isso agora emocionante ver e visitar este roteiro porque “quem olha" a obra do pintor "vai ver-se a si próprio, vai ver a sua família e a sua aldeia”.

Segundo Fernando Resendes, muitas das obras fotografadas estão no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, “longe da vista do público”.

Até ao final deste ano, serão expostos os restantes cinco 'mupis', que retratam a Calheta Pero de Teive, o largo de S. João, a Ermida de Santana (junto à sede da Presidência do Governo Regional e onde o pintor foi sacristão), o local onde viveu e de onde se avistava a montanha da Lagoa do Fogo e uma representação da procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres, na praça 5 de Outubro.

O neto e investigador da obro do pintor está em Lisboa, pelo que coube a Fernando Resendes ler uma mensagem escrita de Jorge Rebêlo, em que saúda a iniciativa do município de Ponta Delgada.

“Esta é uma primeira tentativa de trazer Domingos Rebêlo de volta a S. Miguel e a Ponta Delgada através da sua obra, tal como foi o seu último desejo ao morrer em Lisboa há cerca de 40 anos. Acredito que outras iniciativas poderão concretizar este desejo do artista, que pretendia reunir a sua obra na sua cidade natal”, expressou Jorge Rebêlo na mensagem.

Em maio, o neto do pintor açoriano lamentou, em declarações à Lusa, a inexistência de uma casa museu dedicada à preservação da memória e obra do avô na cidade.

“Tenho estado a lançar a ideia para o ar e com as palestras que tenho estado a fazer tenho tentado sensibilizar a sociedade açoriana e as instituições para a necessidade de preservar o património, dignificá-lo e dá-lo a conhecer”, afirmou então Jorge Rebêlo, acrescentando que a família já apresentou uma proposta às autoridades regionais.

Domingos Rebêlo começou a pintar com oito anos, em Ponta Delgada.

Depois da formação em Paris, onde viveu seis anos, regressou, em 1913, à ilha de São Miguel, onde permaneceu trinta anos, deslocando-se de vez em quando a Lisboa, onde participou com regularidade nas exposições anuais da Sociedade Nacional de Belas-Artes, de que era sócio e de que seria mais tarde dirigente.

A partir de 1942, o pintor mudou-se, definitivamente, para Lisboa, cidade onde morreu, em 1975.

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