Autor: Paula Gouveia
A execução do PRR é um enorme desafio para o seu executivo. Em que áreas será possível e as áreas em que será difícil obter resultados razoáveis até 2026?
O nível de execução do PRR nos Açores aponta, à data de 21 de fevereiro de 2025, para uma execução já realizada de 267 milhões de euros, isso representa cerca de 37% da sua execução. O que, na verdade, é pouco mais do que um terço – não é o ideal.
Começando pelo mais difícil, perante a economia global, europeia, nacional e regional, tudo o que exige construção civil e necessidade de abastecimento da construção civil e recursos humanos, mão-de-obra, para as nossas empresas, é uma dificuldade maior. Temos tido concursos desertos, quando tem a ver com obra, e até discussão, porque houve inflação muito significativa, dos preços da construção civil e dos materiais – toda a gente sabe isso, e por isso também aumentou a despesa. (...) O que parece mais acessível, e mesmo assim, não é fácil, é o fornecimento de chave na mão de equipamentos. (...) Estamos a fazer reprogramações e a encontrar nos fornecimentos chave na mão, para aumentar os níveis de execução e o cumprimento dos marcos e metas. (...)
[No PRR] encontrámos muita
burocracia, muita dificuldade de execução e inflexibilidades para
compreender a realidade. Eu veria como adequado e inteligente haver uma
reavaliação não só nas reprogramações dos projetos, dos marcos e das
metas, como também do calendário. (…) Mas vamos entrar num novo ciclo
onde a disponibilidade dos fundos comunitários e dos dinheiros, e até da
flexibilização orçamental das políticas europeias, será mais para a
economia da guerra, para segurança e defesa. (...)
Como estão os
Açores a posicionar-se no quadro das relações externas com a nova
administração dos EUA? Como vê a situação atual, em que se prevê
agravamento de taxas, retorno de emigrantes e o Consulado de Ponta
Delgada na lista de possíveis encerramentos?
Com natural preocupação, porque não traz boas notícias. Mas ainda assim, tenho de a ver com serenidade. Estamos perante especulações, e ainda não há nada de concreto. Estamos a preparar-nos para robustecer a nossa economia, com menores dependências. Mas a verdade é que a economia é de interdependências e isso terá naturalmente consequências, e a nossa responsabilidade é minimizar as consequências negativas, e por outro lado, sob o ponto de vista político e de comunicação institucional governativa, não haver nenhuma precipitação. (…) Vamos preparar-nos para o pior, esperando o melhor.
Estamos no meio de uma crise política nacional, o que espera deste momento, uma vez que pode trazer dificuldades adicionais à Região?
(…) Devemos ser preferencialmente,
em todos os tempos, mas muito mais neste momento mundial, europeu e
nacional, agentes de estabilidade governativa, se queremos colocar em
primeiro lugar o superior interesse nacional, o superior interesse das
populações, e o superior interesse do futuro que nos responsabiliza na
ação política presente.
Eu faço um apelo a que prescindam dos
interesses da circunstância - que não são bons interesses - e façam
valer com enorme sentido de responsabilidade, o interesse da
estabilidade política e governativa, e o valor da democracia que se faz
através também do respeito pela vontade do povo e por períodos de
estabilização. Os mandatos são por quatro anos e devem ser
preferencialmente cumpridos. (...)
A coligação está de boa saúde, haverá uma remodelação governamental nos Açores nos próximos meses?
A coligação está de boa saúde e coesa em nome do interesse dos Açores e dos açorianos, e de uma governação estável e concretizadora. Remodelações do governo não se anunciam, elas fazem-se quando são necessárias, e não são uma obrigação, nem uma proibição. Serão quando necessárias e de acordo com o meu entendimento como presidente do Governo - e não prescindo deste exercício de liderança e de avaliação, claro está das necessidades. E nunca é nada contra ninguém, não foi assim no 13.º governo e não será assim no 14.º governo. Mas elas não se anunciam.
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