Autor: Lusa/AO Online
“O que concluímos
numa análise preliminar é que, ao reduzirmos os impostos, sobretudo
impostos sobre a riqueza, não seremos capazes de ajudar quem perdeu
rendimentos e está numa situação frágil, mas sim a beneficiar quem tem
rendimentos mais elevados”, afirma Carlos Silva, citado num comunicado. Para
o socialista, que fez uma intervenção nas jornadas parlamentares
do PS/Açores, que decorrem na ilha Terceira, a redução fiscal prevista
no Plano e Orçamento da região para 2021 irá ter “efeitos negativos na
resposta que o Governo Regional será capaz de dar à pandemia e ao
combate às desigualdades”. Ainda segundo
Carlos Silva, com a proposta de redução fiscal está a “subtrair-se a
capacidade do Estado em responder aos mais desfavorecidos” e em promover
investimento público. “A proposta não irá
contribuir para reduzir as desigualdades sociais, mas exatamente o
contrário, irá gerar mais desigualdades sociais, porque quem irá ser
beneficiado são os que têm rendimentos mais elevados e não as famílias
mais necessitadas”, lê-se na nota. Para o
deputado do PS, a redução fiscal pode colocar em causa “a
sustentabilidade das finanças públicas regionais” e o trabalho realizado
pelos anteriores governos socialistas da região na “recuperação da
atividade económica”. “O Orçamento para
2021 apresentado pela maioria de direita pode comprometer o futuro dos
açorianos e o desenvolvimento sustentável da região”, refere. Na
sequência de uma promessa eleitoral, o presidente do Governo dos
Açores, o social-democrata José Manuel Bolieiro, declarou, em dezembro
de 2019, na apresentação do Programa do Governo, pretender “fazer
cumprir a diminuição dos impostos até ao limite legal previsto na Lei de
Finanças das Regiões Autónomas", numa alusão ao IVA, ao IRC e também ao
IRS, que podem ser inferiores até 30% em relação ao restante território
nacional. O primeiro Plano e Orçamento do
Governo Regional formado em coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, e que
conta com um apoio de incidência parlamentar do Chega e da Iniciativa
Liberal, vai ser discutido e votado na próxima sessão plenária do
parlamento açoriano, entre 20 e 23 de abril. A proposta de Orçamento dos Açores para este ano é de cerca de 1.900 milhões de euros.