Autor: Lusa/AO online
Em declarações à Lusa, ao início da tarde deste domingo, Isabel Jonet fez um primeiro balanço desta campanha de três dias que começou na sexta-feira: "Ontem [sábado] até ao final do dia tinham sido doados 1.058 toneladas de alimentos, ou seja, mais de um milhão de quilos de alimentos que os portugueses quiseram partilhar com quem mais precisa através dos Bancos Alimentares".
Recordando que o Banco Alimentar contra a Fome está "em todos os supermercados das 21 zonas" do país onde os bancos estão instalados, a presidente da instituição referiu que vão "continuar a recolher produtos" até ao final do dia de hoje.
A recolha pode ser feita "através de voluntários que doam o seu tempo" para receberem os alimentos doados à saída das caixas ou "através dos vales dos Bancos Alimentares que se estão em "todas as caixas e que as pessoas podem, ao sair, acrescentar às suas compras".
Questionada sobre se estes resultados preliminares são satisfatórios, Isabel Jonet diz que "nunca tem previsões" mas que tem "a certeza de que as campanhas são sempre o melhor que podem ser".
Desta vez, a expectativa era de que fosse "difícil", tendo em conta que "os portugueses foram muito solicitados a contribuir com doações por causa do drama dos incêndios".
Mas, apesar disso, a presidente do Banco Alimentar dá conta de que "os portugueses que vão às compras querem partilhar parte daquilo que compram para sua casa com os mais pobres da sua região e uma vez mais responderam a este convite dos Bancos Alimentares".
E isso "permite ter a certeza de que, neste Natal, há pessoas que vão ter um cabaz de alimentos porque houve outros que se preocuparam", acrescentou.
Para recolher mais de 1.000 toneladas de alimentos em dois dias em todo o país, é preciso mobilizar "grandes operações de logística" e, desta vez, a campanha contou com cerca de 42 mil voluntários, desde os que estão nos supermercados até aos dos armazéns, passando pelos que colaboram na triagem e no transporte.
Sandra Galveias é uma desses mais de 42 mil voluntários e está responsável pela "balança de fundo", fundamental na gestão de 'stocks' ao longo do ano.
"Os produtos são pesados pelos supermercados, entram no Banco Alimentar e depois são todos separados. No final, quando estão separados, vêm aqui para o fundo onde pesamos e arrumamos e é nessa base que depois vamos gerir o produto já separado para dar às instituições", explicou esta voluntária que conta já com 20 anos de Banco Alimentar.
Também Ernesto Bernardino Rebelo estava hoje entre as dezenas de voluntários que se movimentavam nas instalações do Banco Alimentar de Alcântara, em Lisboa.
Antigo bancário e reformado desde 1995, Ernesto vem para o Banco Alimentar "todos os dias" desde que cessou a sua atividade profissional e faz de tudo um pouco.
"A minha função aqui é a de sempre: fazer caixas e aquilo que é necessário. Tenho todos os poderes para fazer qualquer trabalho", contou o voluntário que já tem 22 anos de casa, acrescentado depois que, nestes três dias, foram feitas mais de 30 mil caixas para arrumar os bens angariados em Lisboa.
"Já tenho 44 campanhas, nunca perdi uma", disse Ernesto, reiterando que "não é só nas campanhas" que está a trabalhar no Banco Alimentar.
A recolha e a triagem dos alimentos angariados terminam hoje e na segunda-feira começa a fase seguinte: a da distribuição.
Isabel Jonet explica que "já amanhã [segunda-feira] são distribuídos em primeiro lugar os produtos frescos" - desde "frangos, legumes, frutas e pão" - e que, "a partir de terça-feira, é retomado o ritmo regular de entregas diárias", ou seja, "mais de 105 toneladas de alimentos todos os dias" nos 21 Bancos Alimentares do país.
Na recolha de alimentos feita antes do Natal do ano passado, foram doadas mais de 2.000 toneladas de alimentos e na última campanha, realizada em maio, foram recolhidas mais de 1.800 toneladas.
O balanço feito por Isabel Jonet à Lusa não considera os alimentos que serão doados até ao final do dia de hoje, o último dia desta campanha.
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