Autor: Lusa/AO online
“A mensagem é que não se corte demasiado ao nível das prestações e transferências sociais para as famílias, de forma a suavizar o impacto da envolvente macroeconómica que é negativa neste momento, mesmo que isso acarrete um peso acrescido sobre o orçamento pelo lado da despesa”, afirmou à Agência Lusa João Tovar Jalles, economista na OCDE responsável por Portugal.
A OCDE defende que o esforço de contenção e a austeridade que o Governo está a levar a cabo no âmbito da atual crise e do programa de ajustamento acordado com o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu deve ser calculado para que não se penalize e corte demasiado nestas prestações.
João Tovar Jalles explica que a OCDE vê a necessidade dos chamados estabilizadores automáticos [mecanismos que suavizam o efeito de grandes variações do ciclo económico, como é o caso dos subsídios de desemprego e outras prestações sociais em caso de recessão] poderem atuar de forma mais flexível e livre.
Neste sentido, “um estrito e rígido cumprimento dos ‘targets’ nominais do défice poderá não ser a estratégia mais desejável”, apesar destes terem sido revistos na quinta revisão da ‘troika’, permitindo mais um ano para alcançar um défice abaixo dos 3%, consideram.
A OCDE está preocupada com o impacto da austeridade necessária para cumprir as metas e que este possa arrastar a economia portuguesa numa espiral recessiva, que por sua vez poderia levar a um agravamento do estado económico, financeiro e orçamental.