Autor: Lusa/AO Online
“Tive uma boa conversa com a presidente Von der Leyen antes da reunião de amanhã [terça-feira] de manhã da Conferência dos Presidentes [estrutura que junta a líder da assembleia europeia e os responsáveis dos grupos políticos]. O Parlamento Europeu aguarda com expectativa o debate da proposta de estrutura e as pastas propostas para a Comissão Europeia, como previsto no nosso novo regulamento”, escreveu Roberta Metsola, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
“Em seguida, iniciaremos o necessário processo de controlo parlamentar e audições. O Parlamento está pronto”, adiantou a presidente da instituição.
O anúncio surge poucas horas depois de o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, se ter demitido do cargo, acusando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de “liderança questionável” por ter pedido a França que propusesse outro candidato no novo mandato.
Numa missiva enviada a Ursula von der Leyen e divulgada na rede social X (antigo Twitter), Thierry Breton afirmou que, apesar de ter voltado a ser a escolha de França para o colégio de comissários no novo mandato do executivo comunitário, “há alguns dias, na reta final das negociações”, a responsável solicitou ao país que “retirasse o [seu] nome”.
De acordo com Breton, Von der Leyen fê-lo “por razões pessoais que em nenhum caso discutiu diretamente” consigo, oferecendo “como contrapartida política uma pasta alegadamente mais influente para a França no futuro colégio”.
Por essa razão, apresentou a sua demissão do cargo de comissário europeu do Mercado Interno “com efeitos imediatos”.
A mudança francesa é a mais recente do futuro colégio de comissários a anteceder a apresentação da equipa da responsável alemã para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que continua então a estar prevista para terça-feira, em Estrasburgo.
A data de terça-feira surge depois de um adiamento de uma semana causado pela mudança, essa por parte da Eslovénia, de um candidato para uma candidata (de Tomaž Vesel para Marta Kos), pela ambicionada paridade no novo colégio de comissários.
Portugal propôs a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, sendo que, de momento, 11 dos 28 nomes propostos para comissários europeus no próximo ciclo institucional são mulheres (a Bulgária apresentou dois nomes, de um homem e de uma mulher, algo que tinha sido pedido por Von der Leyen).
Em outubro, devem realizar-se as audições públicas no Parlamento Europeu aos nomes propostos para novos comissários europeus, cabendo à assembleia europeia dar o aval final em plenário para, mais tarde, a nova Comissão Europeia tomar posse, o que deve acontecer ou em novembro ou em dezembro.
No que toca à sua equipa executiva, a presidente da Comissão Europeia é responsável pela escolha e pela atribuição das diferentes pastas tendo em conta a dimensão geográfica do país, as competências dos candidatos e as suas preferências, após nomeações feitas pelos países.
Ursula von der Leyen, política alemã de centro-direita, foi reeleita, em julho passado, presidente da Comissão Europeia por mais cinco anos, após ter sido a primeira mulher no cargo.