Palhacinhos Felizes levam sorrisos às crianças internadas

Feitos com tecidos reciclados e muito amor, os 45 “Palhacinhos Felizes” criados por Natália Saraiva e um grupo de amigas vão ser oferecidos às pediatrias dos três hospitais da Região para tornar o Natal das crianças hospitalizadas mais colorido e cheio de esperança



Este Natal, 45 pequenos palhacinhos de tecido vão ganhar um destino especial: serão oferecidos às pediatrias dos três hospitais dos Açores com o objetivo de levar cor, sorrisos e conforto às crianças internadas nesta época festiva.

A iniciativa faz parte do projeto Palhacinho Feliz, que nasceu da vontade de Natália Saraiva, sobrevivente de cancro no pâncreas, em reciclar tecidos e transformá-los em gestos de carinho.

“Fui muito bem tratada no hospital e passei lá o Natal. Ver as crianças internadas tocou-me profundamente. Quis fazer algo para lhes levar um bocadinho de alegria e cor”, recorda Natália Saraiva, que há 11 anos superou uma das doenças mais difíceis: o cancro do pâncreas.

Após a cirurgia realizada no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, esta faialense não pôde voltar à vida ativa e passou a dedicar-se ao artesanato como forma de gratidão e superação. 

Em casa, entre linhas, agulhas e pedaços de roupa usados, encontrou a inspiração para começar algo novo.  

“Sou uma sobrevivente”, afirma com serenidade.

Juntamente com as amigas Valentina Mendonça, Fátima Silva e Olívia Ávila, formou o grupo “Reformadas mas ativas”. O projeto começou com a intenção de fazer apenas uma dúzia de palhacinhos, mas rapidamente cresceu e o entusiasmo levou-as a criar 45 bonecos, todos diferentes, assim como é cada criança que precisa de cuidados hospitalares, mas com um detalhe em comum: o nariz vermelho.

Essa característica tem uma história especial. Todos os narizes foram feitos a partir da mesma t-shirt, oferecida por uma jovem com deficiência que quis participar no projeto. 

“Ela veio entregar-ma à porta e disse que queria que os narizes fossem feitos com essa camisola. Isso tocou-me muito. São todos iguais por isso - e também porque me recordam os enfermeiros que, quando eu estava internada, usaram um nariz vermelho para me cantar os parabéns em voz baixinha”, conta com emoção.

Todo o trabalho assenta na reciclagem e reaproveitamento de materiais: roupas antigas das suas filhas e oferecidas por outras pessoas, plumante de peluches antigos e restos de lãs usadas transformam-se em palhacinhos coloridos, sendo a cola o único material comprado.

Desta forma Natália Saraiva acredita estar também a contribuir para a promoção da a reutilização de materiais têxteis, reduzindo o desperdício.

Este Natal, os Palhacinhos Felizes vão espalhar-se pelos três hospitais dos Açores, testemunhando que a solidariedade e a arte podem costurar esperança. Para Natália Saraiva, cada ponto é um ato de gratidão. 

“Ser doente oncológica não é o fim. Somos sobreviventes e temos de ser ativos, fazer algo que nos anime e que dê sentido à vida. Eu faço isto com muito amor, por mim e pelos outros”, afirma.

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