Autor: LUSA/AO Online
A Climate Action Network, Greenpeace e Power Shift Africa denunciaram, numa conferência de imprensa, que, apesar da questão das perdas e danos relacionados com o aquecimento global ter sido incluída na agenda da COP27 (27ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de 2022, a decorrer em Sharm el-Sheikh), não foi estabelecido qualquer mecanismo para o seu financiamento.
"Infelizmente, a única forma de resumir como vai a COP27 é com duas palavras: mau começo", disse o diretor da organização não-governamental (ONG) Power Shift Africa, Mohamed Adow.
O queniano denunciou que, apesar desta conferência estar a ser realizada em África, cujos países se encontram entre aqueles que mais sofrem com as alterações climáticas, esta cimeira não proporcionou a oportunidade de "mobilizar o financiamento de que os países vulneráveis necessitam para poderem fazer face aos danos e perdas".
Também acusou as principais economias mundiais, especialmente as europeias, de "intimidarem os países vulneráveis a aceitarem um prazo de dois anos para negociar" um acordo que não incluiria "compensação e responsabilização pelos poluidores históricos".
"Não podemos permitir que a COP27 se torne uma farsa. Não podemos deixar que isso aconteça", disse Adow, que também recordou que com a guerra na Ucrânia, os países que na cimeira de Glasgow do ano passado se comprometeram a pôr fim ao financiamento dos hidrocarbonetos, agora "querem transformar África na estação de gás da Europa".
A diretora executiva da Climate Action Network International, Tasneem Essop, exortou os países ricos a reduzir as emissões "mais rapidamente" do que os países em desenvolvimento. Essop vai mais longe e afirma que a redução do aumento da temperatura para 1,5 graus celsius está a ser afetada pela "falta de compromisso, implementação e financiamento".
Na mesma linha, o diretor de campanhas da Greenpeace MENA, Ahmad El Droubi, recordou que o compromisso de financiamento de 100 mil milhões de dólares (100,185 mil milhões de euros) para ajudar os países pobres a mitigar os problemas causados pelas alterações climáticas "não foi cumprido", apesar de ter sido aprovado em 2009.
O diretor de campanhas da ONG questionou, ainda, a "qualidade" deste financiamento, uma vez que estimou que 17% será sob a forma de empréstimos, algo que "colocará as economias do Sul global em dívida".