Açoriano Oriental
É francês e está a desenvolver um projeto no Haiti
Lutar contra as alterações climáticas a partir da ilha do Pico

Thomas Dufour é um engenheiro florestal francês, tem 41 anos e, nos últimos 14, trabalha como consultor internacional no sector florestal, desenvolvendo diversos projetos que visam minimizar os efeitos das alterações climáticas, reduzir a vulnerabilidade dos povos a essas alterações e lutar contra este problema global.

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Autor: Célia Machado

No verão trocou Paris pela ilha do Pico, para uma experiência "por tempo indeterminado", afirma. Junto com a companheira Isabelle e o filho Ulysse, de apenas três anos, fixaram residência na Ponta da Ilha, lugar da freguesia da Piedade. Aqui a vida é mais calma, sem o stress citadino que sentiam em França, e há ainda um "vínculo social que, infelizmente, se perdeu nos grandes centros urbanos". "Temos encontrado boa gente e está a ser ótimo estar cá", sublinha.

"Agora, este é o meu escritório", diz-nos a sorrir, tendo como pano de fundo as árvores e o mar.

Thomas sente que no Pico, na sua casa virada para o Atlântico, vai encontrar o equilíbrio necessário para poder continuar a ajudar o meio ambiente e a própria civilização e, simultaneamente, ter melhores condições de vida. O tempo gasto nas viagens que tem de realizar para o estrangeiro, em parte, é maior devido à sua nova localização mas encara como "um pequeno sacrifício" por tudo aquilo que encontrou no Pico.

Da China à Argentina

Níger, República Democrática do Congo, Camarões, Marrocos, Tunísia, Vietname, Indonésia, China, Argentina, Chile, Peru e Brasil foram países onde já prestou os seus serviços enquanto consultor, cooperando com governos e empresas públicas e privadas mas gostaria, um dia, de terminar um projeto que iniciou na Colômbia, há algum tempo.

"É possível utilizar a floresta para ajudar a mitigar as alterações climáticas e, em termos de ordenamento territorial, é uma ferramenta para criar emprego, criar valor; é um produto económico", refere Thomas Dufour, falando com paixão do seu trabalho.

Atualmente, coopera com o Ministério do Meio Ambiente do Haiti na implementação de um projeto que visa aproveitar diferentes atividades, como o cultivo de café, e a floresta para produção e conservação da biodiversidade para tentar maximizar os recursos económicos em benefício do povo e lutar contra as alterações climáticas. Revela que gostaria também de desenvolver algum projeto nos Açores, em cooperação com as autoridades locais, mas, para já, vai sentindo o pulsar da ilha e criando novas rotinas familiares. O pequeno Ulysse, que nas primeiras semanas ia escondendo a timidez por detrás dos sorrisos, já vai à escola e no seu vocabulário há cada vez mais palavras portuguesas, que consegue juntar em frases. Apesar de conhecerem o Pico há alguns anos - primeiro Isabelle, através de amigos, e só mais tarde Thomas - este será o primeiro inverno na ilha. As chuvas dos últimos dias deram-lhes uma ideia do que os espera nos próximos meses mas estes três franceses, cada vez mais picoenses, estão entusiasmados com a mudança para o Pico, para a casa que compraram há dois anos e que, no início, seria apenas para passarem férias. Viver na Piedade, naquela altura, "era apenas um sonho".






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