Autor: Lusa / AO online
"O nosso objetivo é a partida imediata do presidente ucraniano", leu Ievgenia Timochenko, perante a multidão que respondeu com gritos de "demissão! demissão!"
A ex-primeira-ministra prosseguiu: "Não baixem os braços, não recuem, não participem em negociações com este poder que tem sangue nas mãos".
"Temos hoje uma escolha entre cair numa ditadura corrupta e o regresso a casa, na Europa. As hipóteses de cair numa ditadura medieval são bastante maiores", alertou Iulia Timochenko, que está presa desde 2011.
"Ianukovitch nunca assinará o acordo com a Europa, decidiu aderir ao clube dos ditadores", insistiu, Timochenko, na declaração lida.
A ex-primeira-ministra e candidata contra Ianukovitch às presidenciais de 2010, Iulia Timochenko, cumpre desde 2011 uma pena prisão de sete anos por abuso de poder.
O seu caso é considerado pela oposição como uma vingança política.
Entre 200 mil e 500 mil manifestantes pró-europeus mantinham-se durante a tarde, manhã em Lisboa, concentrados em Kiev para reclamar a demissão do presidente Ianukovitch depois de este ter rejeitado um acordo comercial com a União Europeia, optando por uma maior aproximação à Rússia.
Empunhando bandeiras da Ucrânia e da União Europeia, os opositores ao atual Governo enchem a Praça da Independência.
Alguns manifestantes usam capacetes de proteção, antecipando uma eventual repressão violenta do protesto por parte das autoridades.
A Praça da Independência, onde o movimento opositor mantém centenas de tendas de campismo, está completamente cheia, enquanto os manifestantes continuam a chegar.
A manifestação é vigiada por cerca de 5 mil agentes da polícia, que alertou os manifestantes para a "alta probabilidade" de existirem confrontos durante o dia de hoje.
A oposição, que reclama eleições antecipadas, espera mobilizar um milhão de manifestantes.
Nos últimos dias, milhares de manifestantes têm desafiado as ordens das autoridades, cercando edifícios governamentais em protesto contra a suspensão das negociações para a assinatura de um pacto comercial e político com a União Europeia.
No sábado, a oposição ucraniana acusou o presidente Viktor Ianukovitch de planear a assinatura em breve de um acordo de adesão da Ucrânia à União Aduaneira das Antigas Repúblicas Soviéticas, liderado por Moscovo, e ignorar os protestos de milhares de manifestantes.
"De acordo com as nossas informações, o projeto de acordo sobre a parceria estratégica [com a Rússia] está pronto, mas Ianukovych não se atreveu a assiná-lo", disse à France Presse um dos líderes do partido da oposição, Arseniy Yatsenyuk, durante uma conferência de imprensa em Kiev.
Para 17 de dezembro está prevista uma reunião da comissão interestadual russo-ucraniana em Moscovo, acrescentou o líder da oposição.