Autor: Lusa/AO Online
“Há uma concorrência desleal com vinhos que aproveitam a imagem - que neste momento é positiva - do vinho açoriano, para através de marcas enganadoras passar a mensagem ao consumidor de que se está a beber um vinho que é mais barato e dos Açores”, declarou o enólogo à agência Lusa.
O também empresário referiu que, ao preço a que se pagam as uvas, “é impossível que alguns vinhos existam no mercado com a imagem que faz parecer Açores e possam ser da região”.
O fenómeno, acrescentou, tem vindo a ganhar dimensão nos últimos anos e já representa um volume “muito grande de vinho”.
Para o antigo responsável pela Comissão Vitivinícola Regional dos Açores, a fiscalização no mercado tem de ser “muito apertada e contínua”, enquanto a informação também deve chegar aos consumidores e aos vendedores destes vinhos, passando-se a “mensagem correta aos clientes”.
“Houve um momento de fiscalização apertada”, que “produziu efeitos", mas a partir daí "continuaram a haver algumas falhas, principalmente através das cartas de vinhos em restaurantes em que não estão devidamente separadas as categorias de vinho, induzindo em erro os consumidores", sublinhou.
A região possui 37 vinhos certificados, 14 produtores, três castas nobres e três regiões demarcadas: Biscoitos, na ilha Terceira, Graciosa e Pico.
Na sequência de uma decisão do Governo Regional, a Comissão Vitivinícola Regional dos Açores passou desde fevereiro a emitir pareceres técnicos para o executivo sobre o controlo da genuinidade e qualidade dos vinhos não certificados produzidos e/ou engarrafados na região.
A Direção Regional do Desenvolvimento Agrário e aquela comissão assinaram, então, um protocolo que visa “estabelecer mecanismos de cooperação entre estas duas entidades no sentido de assegurar que seja devidamente controlada a genuinidade e a qualidade dos vinhos não certificados e a defesa interna e externa dos mesmos”.
Além da necessidade de a região estar “muito bem protegida” para esta nova realidade, o enólogo defendeu a necessidade de existirem mais produtores e vitivinicultores que “possam transformar as uvas num produto valioso” e com a “capacidade internacional de procurar novos mercados e clientes”.
Sobre as vindimas deste ano, Paulo Machado declarou que começaram mal face à intensidade da chuva em agosto nos Açores, num ano que se apresentava como “um dos maiores em termos produtivos” face ao volume de uva existente e ao surgimento de novas vinhas.
Contudo, “perspetiva-se ainda que haja um aumento da produção” em termos comparativos com o ano anterior.
“As uvas apresentavam inicialmente um grau elevado de podridão, o teor de açúcar não era muito elevado, mas nas últimas duas semanas, em que deixou de chover, a qualidade subiu bastante”, explicou.