Autor: Rui Jorge Cabral
Em entrevista ao Açoriano Oriental, o ator mostrou-se muito agradado, mas também surpreendido por esta homenagem do Festival de Curtas-Metragens da Ribeira Grande e até brincou um pouco com a situação ao afirmar que um ator quando começa a ser homenageado é sinal de “estar a ficar velho”.
João Lagarto admite que o filme ‘Adeus Pai’, realizado em 1996 por Luís Filipe Rocha e filmado nos Açores, com sucesso de público, terá contribuído para esta homenagem. Aliás, ‘Adeus Pai’ conta uma comovente história de um pai ausente que, perante uma doença terminal, procura reconciliar-se com um filho que nunca conheceu verdadeiramente. E nada melhor que a ‘magia’ da natureza açoriana - a lagoa das Furnas é o ‘cenário’ principal do filme - para que o impossível se concretize.
João Lagarto recorda com agrado essa experiência nos Açores - nas ilhas de São Miguel e Terceira - onde nunca antes tinha estado. “Foi para mim descobrir este sítio extraordinário e ao mesmo tempo pensar no quanto estas ilhas foram isoladas e no que seria viver aqui há 100 anos atrás sem as facilidades de comunicação e de transporte que há agora”, afirma o ator, que revela ter também muitos amigos nos Açores.
João Lagarto, como a maioria dos atores portugueses, tem uma longa carreira de quase 40 anos onde experimentou fazer um pouco de tudo: teatro, cinema e televisão. Mas considera-se um ator de teatro.
João Lagarto, como outros atores portugueses, tenta por vezes convencer-se que, no fundo, ‘é tudo a mesma coisa e o que interessa é fazer bem’, para logo a seguir corrigir-se: “esta é uma verdade, mas não é toda a verdade, porque há linguagens específicas no teatro, cinema e televisão”. O ator de 58 anos que, como era usual na sua geração, se formou em teatro, reconhece que foi difícil para si passar para o cinema e a televisão, o que o obrigou a uma adaptação que classifica de ‘darwiniana’ porque, recorda, na sua geração não se aprendia a “trabalhar diante das câmaras” como agora. Os seus trabalhos mais marcantes estão todos no teatro, recordando, por exemplo, uma peça do autor russo Tchekhov - “Tio Vânia” - que fez ainda no ano passado. “Um autor difícil que nunca tinha feito antes e que me abriu uma série de perspetivas”, refere João Lagarto.