Açoriano Oriental
Diniz Borges leva Madalena Férin a leitores de Língua inglesa

Poesia de Madalena Férin foi selecionada e traduzida por Diniz Borges, que faz questão de manter conexão com as ilhas açorianas através da tradução e das aulas em Fresno, Califórnia

Diniz Borges leva Madalena Férin a leitores de Língua inglesa

Autor: Sara Lima Sousa

No próximo dia 4 de setembro, pelas 21h30, decorrerá o lançamento do livro “Dripping Words – Selected Poetry from Madalena Férin”, poetisa açoriana por quem Diniz Borges, responsável pela seleção, organização e tradução dos poemas, tem uma enorme admiração, numa publicação da Bruma Publications e da editora Letras Lavadas.

O evento terá lugar na Biblioteca Municipal de Vila do Porto, em Santa Maria, “na ilha onde Madalena Férin passou a sua infância e juventude, e à qual sempre esteve ligada”, segundo o tradutor em conversa com o Açoriano Oriental.

“Há uma necessidade de termos mais vozes dos Açores traduzidas para a Língua inglesa, para podermos chegar aos açor-descendentes que já não leem em português, que são a vasta maioria da nossa diáspora nos Estados Unidos e, talvez, também no Canadá”, explicou.

A seleção dos poemas foi subjetiva.  “Sou leitor da poesia da Madalena Férin há mais de 30 anos.  Depois de várias releituras, fiz uma seleção baseada nos poemas que achava que teriam mais impacto para o leitor de Língua inglesa”, afirmou.

Muitos dos poemas têm um significado especial para Diniz Borges, mas exemplificou com “Ciclone”, que é um poema da ilha e, “como toda a poesia da Madalena, um poema do mundo”, um “poema corajoso”, com uma amálgama de metáforas que “interroga e dá respostas”.

Na sua ótica, “nunca foi tão relevante a poesia de Madalena Férin como nos dias de hoje”, de uma forma particular para os leitores nos Estados Unidos, onde atravessam um “assalto nocivo às mulheres”, referiu.

“A poesia da Madalena está repleta de gritos que apelam à libertação das mulheres de um mundo extremamente machista. Apela à justiça social, necessária em todos os países do mundo. Apela à liberdade, uma liberdade íntima, a liberdade dos seres humanos e de tudo que nos rodeia”, acrescentou.

Quando questionado sobre o título do livro, admitiu que a escolha “não foi fácil, uma vez que tinha outros”, porém, considerou este, “Dripping Words” (Palavras a pingar), o mais apropriado porque “cada leitura e releitura desta poesia deixa-nos com a imagem de palavras que estão sempre a gotejar sentimentos e beleza”.

O processo de tradução na  poesia e a sua importância

Para Diniz Borges, a barreira da Língua “não pode ser fator para não se levar a magnífica produção literária dos Açores” ao resto do mundo.

“Como já o disse Natália Correia sobre a tradução de poesia, é tentar trazer ao leitor de Língua inglesa o poder poético de cada poema, reajustando-o, através da linguística cultural ao mundo de quem o vai ler”, referiu o açoriano. Contudo, há desafios no processo de tradução. “É um trabalho ingrato, que nem sempre se consegue, mas tenta-se”, admitiu.

Espera que os leitores de Língua inglesa fiquem a conhecer a “riqueza da criatividade poética das nossas ilhas” e, de uma forma particular, as novas gerações de açor-descendentes, que na maioria dos casos “desconhecem a riqueza da nossa literatura”. E, pretende utilizar vários poemas desta coleção num curso que leciona na universidade (Açores: História, Cultura e Literatura).

Na perspetiva de Diniz Borges, a poesia da Madalena Férin “merece mais leitores, quer sejam açor-descendentes, quer sejam da miríade de culturas que compõem o mundo norte-americano, que comunicam em inglês”, partilhou. Diniz Borges conheceu a obra de Madalena Férin no começo da década de 90. A sua reação foi sempre “de espanto, pela beleza, pela intimidade, pela coragem e pela sublimidade da sua língua poética”, concluiu.


Ligação com os Açores está sempre presente

Diniz Borges tem 65 anos e é natural da Praia da Vitória, na ilha Terceira. Aos 10 anos, emigrou com os pais. Atualmente, é professor na Universidade Estadual da Califórnia, em Fresno, onde também dirige o Instituto PBBI (Portuguese Beyond Borders Institute), que tem uma forte ligação aos Açores.

Dá aulas há três décadas e tem-se dedicado a estudos relacionados com a diáspora, com a identidade açoriana em terras americanas, literatura de açor-descendentes, e à tradução literária, desde 2002. Trabalhou ainda na agricultura, no comércio e na comunicação social em Língua portuguesa, na Califórnia.

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