Autor: Ana Carvalho Melo
As condições do Serviço de Urgência (SU) do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) em julho do ano passado limitavam a sua reabertura, de acordo com uma informação das direções Clínica e de Enfermagem.
Num documento a que o Açoriano Oriental teve acesso, datado de 8 de julho, a mesma data do relatório interno elaborado pelo Serviço de Instalações e Equipamentos do HDES que sustentava que o serviço de urgência poderia reabrir no final de julho nas condições existentes antes da catástrofe, as direções Clínica e de Enfermagem referem que, aquando do incêndio no hospital, o Serviço de Urgência “carecia já de intervenções urgentes, sobretudo relacionadas com limitações graves de espaço, que resultavam em risco acrescido para os técnicos de saúde e utentes e condicionavam gravemente a segurança, qualidade e privacidade dos cuidados prestados”.
Segundo o que é descrito, as limitações de espaço “estendiam-se desde as zonas técnicas, nomeadamente gabinetes médicos, salas de pequena cirurgia, salas de trabalho e balcões de atendimento, até às áreas de utilização exclusiva pelos utentes”, realçando que tal gerava “enormes constrangimentos no atendimento, prestação de cuidados e na experiência do utente”. Dá-se o exemplo dos balcões que acomodavam 25 macas “sem distância de segurança entre elas” e “comprometia a prestação de cuidados”.
Alertam ainda que, ao nível dos equipamentos, “os constrangimentos eram por demais evidentes, existindo necessidade de substituição urgente de todos os equipamentos que estavam já em fim de linha, obsoletos, classificados e/ou descontinuados”, como macas, camas, monitores cardiorrespiratórios, bombas e seringas infusoras, armários de medicação, entre outros.
Realçam também que, desde o dia 4 de maio
de 2024, dia do incêndio, “para além da limpeza do espaço, não
existiram quaisquer intervenções para corrigir estas ou outras
debilidades do Serviço de Urgência”.
Central de Esterilização condicionada
De acordo com o documento das direções Clínica e de Enfermagem, a 8 de julho existiam várias limitações que condicionavam também a reabertura da Central de Esterilização do HDES.
“Relativamente às bancadas, a toxicidade da fuligem abriu fissuras nas mesmas, situação que ainda não se encontra resolvida (...). De igual modo, é necessário um termómetro no serviço, de forma a permitir um controlo de temperatura e humidade”, é referido.
No mesmo documento, é realçado que estas limitações condicionariam a abertura da Central de Esterilização em cerca de 15 dias, assim como que, numa fase inicial, a esterilização abriria apenas para produção interna por falta de capacidade e de meios de transporte adequados para grandes cirurgias.
Acrescentava-se ainda que faltavam evidências “por escrito, da qualidade do ar e da água”.