Autor: Lusa / AO online
O acordo intermédio entre o grupo 5+1 (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) e o Irão, com um prazo de seis meses, que prevê uma restrição das atividades nucleares de Teerão em troca de um abrandamento das sanções impostas pelo Ocidente.
Em Paris, o presidente francês, François Hollande, classificou o acordo como "um passo importante na boa direção" que "constitui uma etapa para o fim do programa militar nuclear iraniano e portanto para uma normalização das relações (da França) com o Irão".
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, considerou hoje no Twitter que o acordo concluído em Genebra é "bom para toda a gente, incluindo os países do Médio Oriente e o povo iraniano".
"Este acordo demonstra que é possível trabalhar com o Irão e tratar problemas insolúveis pela via da diplomacia", adiantou Hague.
Além de França e Reino Unido, o acordo foi saudado por Washington, Pequim, Moscovo e Teerão, onde o guia supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, que tem a última palavra no dossier nuclear, se felicitou com o pacto de Genebra e deu luz verde à parte iraniana para prosseguir as negociações.
Khamenei incentivou o governo iraniano a encarar o acordo como "a base para as medidas seguintes", que sustenta devem ser tomadas "com inteligência".
Também o presidente da Comissão da Europeia saudou o acordo, afirmando que constitui “um grande avanço para a estabilidade e a segurança global” e destacou o papel desempenhado pela União Europeia nas negociações.
Numa declaração divulgada em Bruxelas, José Manuel Durão Barroso saúdou em particular a Alta Representante da União Europeia e vice-presidente da Comissão, Catherine Ashton, “por este feito, que é resultado da sua dedicação e empenho incansáveis nesta questão ao longo dos últimos quatro anos”, e comentou que o sucesso das conversações também “é um testemunho real do compromisso” da União Europeia para com a estabilidade regional e global.
O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, saudou igualmente o acordo de "coragem" mostrada pelo Irão e as grandes potências para limitar o programa nuclear iraniano, sublinhando a necessidade de pôr em prática este pacto o mais rapidamente possível.
Ao contrário, em nome de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu considerou que com o acordo "o mundo se tornou mais perigoso porque o regime mais perigoso do mundo deu um passo significativo no caminho para a obtenção da arma mais perigosa do mundo".
Assegurando que o "regime iraniano se comprometeu a destruir Israel", Netanyahu advertiu que "Israel tem o direito e o dever de se defender face a qualquer ameaça" e insistiu que "não deixará o Irão dotar-se de capacidades militares nucleares".
Em setembro, o primeiro-ministro israelita defendeu o cumprimento de quatro critérios para poder assegurar que o Irão tinha travado o seu programa nuclear, mas, segundo Israel, nenhum destes foi incluído no acordo de Genebra.
Teerão vive ao ritmo das sanções desde 2006, mas o reforço destas no ano passado fez mergulhar o país numa crise profunda.
A inflação era oficialmente de 36% no final de outubro, o emprego atingiu mais de 11%, a produção industrial está a meia haste e o preço dos produtos de consumo não para de aumentar. O embargo bancário e a suspensão da rede de transferências internacionais Swift também têm afetado a saúde. O preço dos medicamentos disparou e a importação dos mesmos tornou-se complicada.
As grandes potências mundiais concluíram esta noite um acordo com o Irão, que se comprometeu a não enriquecer urânio acima de 5% durante seis meses em troca do alívio de sanções.
O acordo entre o Irão e as seis potências mundiais (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) prevê que o Irão também desmantele “os conectores técnicos” que permitem o enriquecimento acima de 5%.
Com este compromisso, as potências garantem o alívio das sanções contra o Irão, avaliadas em sete mil milhões de dólares, durante seis meses, mas se o país não cumprir por completo o acordo as sanções voltarão a entrar em vigor.
No âmbito do acordo alcançado, o Governo iraniano comprometeu-se a parar o enriquecimento de urânio até 20% e só poderá fazê-lo abaixo de 5%, apenas o suficiente para ser utilizado em atividades civis, a não expandir as centrais nucleares de Fordo e Natanz e a parar a construção da central de Arak, onde se poderia produzir plutónio.