Açoriano Oriental
Candidatos ao COI apresentam visões com preocupações financeiras e de atração de público

Os sete candidatos à presidência do Comité Olímpico Internacional (COI) apresentaram as suas visões para o organismo, não esquecendo temas como o financiamento ou a Rússia e ‘piscando o olho’ aos países mais pequenos

Candidatos ao COI apresentam visões com preocupações financeiras e de atração de público

Autor: Lusa/AO Online

Em sessões de apenas 15 minutos, decorridas à porta fechada e sem direito a perguntas por parte dos membros da Assembleia do COI, os aspirantes à sucessão de Thomas Bach resumiram as suas ideias para o futuro do organismo, num misto de autopromoção e reivindicação de ‘trunfos’ e propostas concretas.

Única mulher (e mais jovem) entre os candidatos, a antiga nadadora Kirsty Coventry, do Zimbabué, defendeu que quer ocupar o cargo por competência e não pelo seu sexo, refutando ainda o estatuto de preferida do ainda presidente.

Sete vezes medalhada olímpica, a também ministra do Desporto zimbabueana, de 41 anos, quer “encontrar mais formas de chegar aos desportistas antes de estes se tornarem olímpicos” e identificar programas de apoio para quando acabem as suas carreiras.

Curiosamente, foi outro candidato a mencionar África na sua apresentação, no caso David Lappartient, presidente da União Ciclista Internacional (UCI) e do Comité Olímpico Francês, apologista de uma edição dos Jogos Olímpicos naquele continente.

Em declarações aos jornalistas em Lausana, depois de ter oferecido a sua visão aos membros da assembleia do COI, Lappartient também defendeu que a Rússia não pode ficar “indefinidamente suspensa” do movimento olímpico, porque é “um país de desporto”, ressalvando, contudo, que é prematuro ponderar um regresso dos desportistas russos já nos Jogos de Inverno de 2026.

Já Johan Eliasch, presidente da Federação Internacional de Esqui e Snowboard, é favorável a que a exclusão de russos e bielorrussos se mantenha, até porque o programa de desportistas neutros que vigorou em Paris foi, na sua opinião, um sucesso.

“Apresento-me a estas eleições porque tenho experiência para o cargo. Liderei importantes negociações comerciais e políticas e, nos últimos quatro, a transformação da FIS”, evocou, lembrando que a luta pela presidência do COI não é “um concurso de popularidade”.

Quem também recorreu ao seu currículo para atestar a sua competência para o cargo foi Juan Antonio Samaranch Jr., que acredita que a sua experiência na gestão de empresas é uma mais-valia para o COI, uma vez que “as receitas de ontem já não valem hoje em dia”.

“Distribuímos a maioria do que ganhamos pela base desportiva. Isso requer diplomacia, política e gestão. […] Candidatei-me porque tenho experiência em ambos os campos. Estive no movimento olímpico em momentos críticos e também estive em cargos decisivos na minha própria empresa”, destacou aquele que é um dos quatro atuais vice-presidentes do organismo.

Já para Sebastian Coe o grande desafio que o COI enfrenta é captar as audiências, sobretudo as mais jovens, da qual vão sair “os futuros líderes, patrocinadores e políticos”.

“Precisamos de criar um vínculo vitalício entre eles e o desporto, é a única forma de colocar o desporto no topo das agendas dos governos”, reforçou o ainda presidente da World Athletics.

Também pensando em atrair mais público o japonês Morinori Watabane propõe uns Jogos Olímpicos universais: “Os Jogos de Paris foram uns grandes Jogos, mas muitos comités olímpicos tiveram problemas económicos. Com uns Jogos em cinco continentes, as televisões teriam transmissões durante 24 horas”.

O presidente da Federação Internacional de Ginástica considera que a presença do desporto em alguns países “não é tão significativa”, uma ideia partilhada pelo príncipe Feisal al Hussein, da Jordânia.

“O desporto não pode resolver todos os problemas do mundo, mas tem potencial para ajudar a tornar o mundo um lugar melhor e mais pacífico”, disse o membro do COI, que defendeu o potencial dos países mais pequenos e do desporto como elemento integrador, nomeadamente através dos refugiados, e alertou para as dificuldades enfrentadas pelos comités olímpicos nacionais mais pequenos, propondo ainda a criação de polos regionais do COI.

O sucessor de Thomas Bach vai ser conhecido na 144.ª Sessão do COI, agendada entre 18 e 21 de março, na Grécia.


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