Cadastros prediais precisam ser atualizados

Presidente do CESA, Gualter Furtado, alerta para situação que causa problemas nas expropriações para obras públicas - incluindo do PRR - mas também em heranças, venda de terrenos e apoios aos agricultores



O presidente do Conselho Económico e Social dos Açores (CESA) alerta para a necessidade de se atualizar os cadastros prediais rústicos nos Açores, onde ainda permanecem em muitos concelhos dificuldades para identificar os proprietários e os limites dos terrenos.

Esta é uma situação que prejudica desde logo os processos de expropriações para a realização de obras públicas, incluindo as que se estão a realizar ou se irão realizar com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que têm de ser concluídas num curto período de tempo. Mas os cadastros prediais rústicos desatualizados afetam também outros processos, como as heranças, as vendas de terrenos agrícolas ou a obtenção de apoios por parte dos agricultores.

Por isso, Gualter Furtado, enquanto presidente do CESA, alerta o Governo Regional para a necessidade de dar prioridade à correção desta situação, que afeta o próprio setor público, bem como a atividade económica em geral.

Em declarações ao Açoriano Oriental, Gualter Furtado afirma que “há milhares de propriedades rurais nos Açores que não estão devidamente atualizadas”, sendo muitas vezes difícil saber desde logo de quem é a propriedade de um terreno ou de uma mata.

Além disso e mesmo quando se consegue identificar o proprietário, acontecem situações como as das “áreas não estarem atualizadas ou as das confrontações serem desconhecidas”.

Um problema “grave”, alerta Gualter Furtado, desde logo para os cidadãos, nos processos de heranças e partilhas, bem como nas vendas de terrenos. Um problema que se agrava quando envolve pessoas que entretanto emigraram. E o mesmo se passa nos processos de expropriações nas obras públicas, “onde há muitas que não avançam” ao ritmo a que deviam avançar “por se desconheceram os proprietários”.

Ao nível do arrendamento dos terrenos agrícolas e das candidaturas aos subsídios comunitários, há também situações em que os contratos “não têm eficácia legal”. Situações que se vão resolvendo com derrogações que vão empurrando a resolução do problema para a frente. Por isso, conclui Gualter Furtado e enquanto presidente do CESA,  “alertamos já há vários anos para a necessidade do Governo Regional investir nessa área”, aproveitando inclusivamente a evolução tecnológica que hoje facilita bastante a atualização rigorosa dos cadastros, porque “há uma questão de fundo que é preciso ser resolvida”.

O presidente do CESA recorda ainda que, enquanto desempenhou funções como secretário regional com a pasta das Finanças, no final da década de 1980, foi estabelecido um protocolo, então ainda com o Governo da República, para a atualização dos cadastros  prediais rústicos, um trabalho que se ficou apenas pelos Concelhos de Ponta Delgada e Ribeira Grande.

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