Açoriano Oriental
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Berta Cabral defende que PR não se estima por conveniência
A presidente da Câmara de Ponta Delgada saudou hoje a visita do chefe de Estado português aos Açores, sublinhando que não se trata de um cidadão igual aos outros, “que se estima ou tolera consoante a conveniência”.
Berta Cabral defende que PR não se estima por conveniência

Autor: LUSA/AOnline

“A visita do Presidente da República é sempre um momento alto na vida de qualquer comunidade. O Presidente da República não é um cidadão igual aos outros, que se estima ou tolera consoante a conveniência”, afirmou a presidente da autarquia de Ponta Delgada e líder do PSD-Açores, Berta Cabral, que falava ao lado de Cavaco Silva na inauguração do Centro de Estudos Natália Correia.

Sublinhando que um chefe de Estado tem o dever de visitar e conhecer o país e tem “o dever de ser bem recebido e de ser sempre acompanhado pelos representantes das populações”, Berta Cabral garantiu que Cavaco Silva “é sempre muito bem-vindo aos Açores”.

Um facto que, frisou a presidente da Câmara de Ponta Delgada, foi especialmente sentido pelo Presidente da República quando foi reeleito com “a aprovação de todas as 154 freguesias dos 19 concelhos das nove ilhas dos Açores”.

“O senhor Presidente é o Presidente de todos os açorianos”, sustentou.

Estas “palavras amigas e generosas” mereceram depois o agradecimento de Cavaco Silva, que garantiu nunca esquecer o contributo dos açorianos para a eleição como primeiro-ministro e, depois, como Presidente da República.

“Agradeço-lhe as suas palavras amigas e generosas e quero dizer-lhe que nunca esquecerei o contributo dos açorianos para que quatro vezes eu tenha obtido o apoio eleitoral de mais de 50 por cento dos portugueses”, disse Cavaco Silva, logo no início da intervenção na inauguração do Centro de Estudos Natália Correia.

Numa intervenção em que claramente respondeu às recentes declarações do presidente do Governo Regional dos Açores acerca da visita do chefe de Estado aos Açores, quando Carlos César disse não atribuir grande importância à viagem de Cavaco Silva, por se tratar apenas de uma deslocação de representação, Berta Cabral focou ainda a questão da autonomia regional.

“Conhecendo integralmente uma região que vale pela soma de todas as partes, fica vossa excelência ainda mais habilitado a compreender as verdadeiras razões que justificam o nosso direito à diferença”, acrescentou Berta Cabral, referindo-se ao propósito da deslocação de Cavaco Silva aos Açores de visitar, enquanto Presidente da República, todas as ilhas do arquipélago.

Sublinhando a forma como os Açores prezam a autonomia política, a presidente da câmara municipal de Ponta Delgada defendeu que esta deve ser uma “autonomia compreendida e respeitada” e uma “autonomia de confiança”.

“O mal dos outros não nos serve de consolo. Definimos e seguimos o nosso caminho. Prestamos contas pelas opções que tomamos. Não é a quezília partidária que faz de nós autonomistas convictos. É o exemplo que damos no lugar que exercemos. A verdadeira autonomia conquista-se e desenvolve-se com sentido de Estado”, declarou Barta Cabral, corroborando as palavras deixadas por Cavaco Silva na terça-feira quando aterrou nos Açores, ao defender que estes devem ser “tempos de coesão, não tempos de divisão ou de querelas estéreis”.

Na intervenção, Berta Cabral insistiu ainda que “os açorianos não olham os órgãos de soberania como inimigos de conveniência”, mas antes como parceiros de desenvolvimento”.

Mas, acrescentou, “isso em nada minimiza, antes reforça, a nossa firme convicção na defesa intransigente da autonomia dos Açores”.

“Temos nove boas razões para sermos diferentes. E queremos ter no Presidente da República, que agora a todas conhece melhor, um aliado das nossas causa legítimas”, disse, dirigindo-se a Cavaco Silva, que há dois anos vetou por duas vezes o Estatuto Político-Administrativo dos Açores.

A inauguração da sede do Centro de Estudos Natália Correia não contou com a presença do presidente do Governo Regional, que entre terça e sexta-feira acompanhou toda a visita de Cavaco Silva às chamadas “ilhas da coesão”.

Apesar de ter sido convidado, Carlos César alegou razões de agenda (a inauguração da variante de Vila Franca do Campo da SCUT) para não estar presente.

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