Açoriano Oriental
Balcões da Inclusão deviam estar disponíveis em todos os municípios apela autarquia

Balcões da Inclusão somente existem no concelho de Ponta Delgada, mas Cristina Canto Tavares defende que este deveria ser um passo tomado por todos os municípios. Instituto da Segurança Social dos Açores irá de forma faseada formar os seus trabalhadores e adaptar os balcões para a inclusão nos próximos anos, anunciou Tânia Fonseca

Balcões da Inclusão deviam estar disponíveis em todos os municípios apela autarquia

Autor: Rafael Dutra

Foi durante o debate “Desafios e oportunidades para a inclusão das pessoas com deficiência visual na ilha de São Miguel” promovido ontem pela delegação dos Açores da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), que a vereadora municipal de Ponta Delgada, Cristina Canto Tavares, apelou aos restantes municípios que sigam os passos da autarquia de Ponta Delgada que a 3 de dezembro de 2022 inaugurou o Balcão da Inclusão.

“O apelo é para que todas as outras entidades sigam estes passos, que passam sobretudo por capacitar os profissionais que trabalham diariamente com este público”, afirmou Cristina Canto Tavares, na ocasião, referindo que se trata de “garantir que existe um atendimento específico direcionado para estas pessoas, num espaço que também tem que ser todo ele adaptado”.

E acrescenta: “O desafio não é só da capacitação dos recursos humanos, é também garantir que este Balcão da Inclusão tenha as condições, as rampas de acesso os próprios balcões onde disponibilizamos a informação”.

A vereadora, que neste evento realçou a crescente procura destes serviços - até à data, no presente ano, já foi dado apoio a mais de três dezenas de pessoas com deficiência visual, através dos técnicos municipais, que foram formados pelo Instituto Nacional para a Reabilitação - salientou que espera que os outros municípios sigam este caminho em prol da inclusão, que, na sua perspetiva, “é um caminho longo, mas necessário”.

Em declarações aos jornalistas sobre os desafios das pessoas com deficiência visual, a presidente da Mesa da Assembleia Geral da Delegação dos Açores da ACAPO reforçou que continuam a existir problemáticas para além da acessibilidade, as estruturas físicas ou da adequação dessas estruturas a quem tem limitações para se deslocar.

“Continuamos sempre com os dilemas do emprego, educação, do acesso a um conjunto de informação que, por falhas na comunicação, acaba por ficar prejudicado. As nossas questões acabam por ser sempre as mesmas, pese embora não estejamos num nível tão elevado de penalização como estávamos antes”, assinala Ana Catarina Gomes.
Não obstante, a representante da delegação dos Açores da ACAPO indica que estes momentos de debate e reflexão, bem como as parcerias realizadas, e o “estreitamento destes relacionamentos com as estruturas locais” permite “caminhar noutro sentido, no sentido da vida independente, aquilo que nós alvejámos”.
Relativamente à participação dos associados da ACAPO neste tipo de debate, onde podem falar sobre as suas necessidades e reivindicações, Ana Catarina Gomes diz que são momentos positivos que “influenciam e de que maneira” esta comunidade.

“Aquilo que conseguimos sempre fazer é uma conquista nossa, para que as pessoas recebam informação num sítio confortável, para que possam, fora das nossas portas, exercer os seus direitos de uma forma mais informada e beneficiar daquilo que é a oferta do poder local, do poder regional, aquilo que é necessário para que possam viver de forma independente, ser cidadãos de pleno direito, como os demais”, sustentou.

Questionada sobre a ausência dos restantes municípios de São Miguel, que não compareceram ao evento, Ana Catarina Gomes diz que a ACAPO não se desmotiva tão facilmente.

“[A ACAPO] vai continuar e sobretudo vai reforçar a sua presença junto do poder local, porque acreditamos que isto é um sinal claro de que somos muito necessários. O nosso trabalho é muito relevante e se não está a chegar a todos os sítios da mesma forma, também temos responsabilidades nisso, mas também chamaremos outras entidades às suas responsabilidades certamente”, frisou.

Por sua vez, a vogal do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social dos Açores (ISSA), Tânia Fonseca, que esteve no evento em representação do Governo Regional dos Açores, anunciou que o ISSA irá, de forma faseada, ao longo dos próximos três a quatro anos formar os trabalhadores da Segurança Social e adaptar os seus balcões para a inclusão, em todas as ilhas do arquipélago, de forma a oferecer a melhor resposta possível aos cidadãos açorianos com deficiências.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados