Autor: Lusa/AO Online
Num parecer sobre a intervenção que o Governo Regional pretende desenvolver naquela reserva natural classificada, desde 1974, Diogo Caetano refere que esta “não combaterá a problemática na sua raiz”.
Para a associação ecológica, a procura turística crescente que possa ser perspetivada “poderá apresentar desafios que os investimentos que atualmente se preconizam poderão não corresponder”.
Os Amigos dos Açores consideram que, apesar de esteticamente o estudo prévio “parecer, na globalidade, integrado visualmente, quase não existe a utilização de materiais endógenos”, bem como o respetivo programa “tem subjacente uma perspetiva de ‘modernismo’ que ameaça a identidade e tradicionalismo do local, tendo em vista a maximização do número de visitantes em simultâneo”.
“Questionamos a efetiva necessidade da realização de escavação significativa, com mobilização de solos e rochas, aterros e renaturalização de coberto vegetal, para introdução de elemento subterrâneo de betão, numa área limite entre Reserva Natural e Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies, e sujeita ao regime da Reserva Ecológica”, declara a associação.
Segundo o ambientalista, a “continuidade do efeito concentrador num dos pontos mais procurados” de São Miguel “potenciará a procura do local e a descida à lagoa, maximizando o tempo de permanência no local”, levando "inevitavelmente à necessidade de ampliação do parque de estacionamento num futuro próximo, para evitar novo condicionamento da estrada”.
Diogo Caetano lamenta que não se tenha promovido um debate sobre esta matéria “não circunscrito ao Conselho Regional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável”, ao qual foi solicitado um parecer “dois dias antes da apresentação ‘pública’ do projeto, sobre a qual “não houve nenhuma divulgação, tendo na prática sido o projeto apresentado no contexto da visita estatutária do Governo Regional à ilha de São Miguel”.
O ambientalista questiona se “é com situações como esta que se pretende maior envolvimento dos cidadãos nos desafios ambientais" e "o que resta para participação pública mediante projetos já apresentados de forma longínqua ao cidadão comum" senão "aceitar pequenos aperfeiçoamentos resultantes de sugestões para se criar a ideia de envolvimento".