Açoriano Oriental
Artesanato dos Açores integra peças apresentadas na Moda Lisboa

Bordados da Terceira e tecelagem de São Jorge integram as peças apresentadas pela designer Joana Duarte na edição deste ano da Moda Lisboa.

Artesanato dos Açores integra peças apresentadas na Moda Lisboa

Autor: Ana Carvalho Melo

Responsável pela marca Béhen, Joana Duarte tem como ambição mudar a perceção das artes tradicionais em Portugal e de valorizar o potencial das mesmas nas várias indústrias.

“O meu projeto foca-se muito no conceito do enxoval, tendo começado pelo reaproveitamento de materiais antigos, mas que evoluiu, procurando ter impacto social e apoiar quem sabe fazer estas técnicas”, explicou, revelando que por esta razão tem percorrido Portugal à procura de artesãos.

A sua viagem começou na ilha da Madeira e pelos bordados da Madeira, mas entretanto chegou a outros pontos do país, tendo nos Açores encontrado os Bordados da Terceira e tecelagem de São Jorge, com o apoio do Centro de Artesanato e Design dos Açores (CADA).

Deste encontro surgiu a coleção ‘Adeus, até ao meu regresso”, que foi apresentada na edição deste ano da ModaLisboa e se baseia na tradição com as peças apresentadas a serem uma homenagem às artes tradicionais.

“Nesta coleção trabalhei na ilha Terceira com a D. Mercês, e a João Pereira e Filhos Lda. que fazem o bordado branco sobre branco tradicional desta ilha; e na ilha de São Jorge trabalhei com tecelagem através das irmãs Nunes e a Cooperativa de Artesanato Sra. da Encarnação”, revelou, realçando que a missão da Béhen é que “a relação estabelecida com cada artesão seja para sempre”.

Ao Açoriano Oriental Joana Duarte contou que a história da Béhen está interligada com a avó e as suas arcas de enxoval, onde havia muitas toalhas bordadas.
Essa experiência era apenas memória até que durante o mestrado em Londres, após a licenciatura em design moda em Portugal, percebeu que queria desenvolver “uma produção ética”, o que lhe trouxe “uma crise existencial”.

“A indústria da moda é muito poluente e com muitos problemas comerciais com que eu não me identificava, o que me levou a uma crise existencial porque não percebia o que me diferenciava dos outros designers”, contou.

Foi então que decidiu viajar à Índia onde surgiu a resposta que faltava.

“Na Índia aprendi a trabalhar diretamente com os artesãos e onde percebi que as mulheres tinham a tradição de passar os saris de geração em geração. Foi então que percebi que em Portugal e na minha família também havia esta tradição de passar o enxoval para a nova geração”, explicou.

Toda esta reflexão, levou Joana Duarte a decidir dedicar-se a criar peças que integram técnicas artesanais que no nosso país despertam cada vez menos interesse junto dos mais jovens, contribuindo assim para a sua preservação e dos artesãos.

“A moda é uma forma de eu comunicar à nova geração que essas artes podem ter um uso diferente e desta forma contribuir para preservar a nossa identidade cultural”, vincou.

As peças da Béhen estão disponíveis na loja da marca em Lisboa, mas também online.

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