Açoriano Oriental
Covid-19
APEL diz que é "imprescindível" livrarias venderem à porta e terem apoios

A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) manifestou grande preocupação com as medidas de confinamento anunciadas pelo Governo, que preveem o encerramento das livrarias, considerando “imprescindível” a autorização de venda ao postigo e a disponibilização de apoios.

APEL diz que é "imprescindível" livrarias venderem à porta e terem apoios

Autor: Lusa/AO Online

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira as regras de um novo período de confinamento, que passam pelo encerramento do comércio, a partir das 00h:00 de sexta-feira.

O decreto-lei que regulamenta o estado de emergência estabelece como exceção ao encerramento do retalho os “estabelecimentos que pretendam manter a respetiva atividade exclusivamente para efeitos de entrega ao domicílio ou disponibilização dos bens à porta do estabelecimento, ao postigo ou através de serviço de recolha de produtos adquiridos previamente através de meios de comunicação à distância (‘click and collect’), estando nestes casos interdito o acesso ao interior do estabelecimento pelo público".

No entanto, a APEL lamenta não ter sido informada de nada e que o diploma não mencione especificamente as livrarias: “Eu continuo sem confirmação nenhuma sobre o que é possível e não é possível, o que nos deixa numa situação de grande incerteza”.

O Ministério da Cultura confirmou à Lusa, na quarta-feira, que as livrarias vão poder vender à porta, apesar de terem os estabelecimentos encerrados.

Reconhecendo a necessidade de encontrar soluções para controlar a pandemia, o presidente da APEL sublinha a importância das vendas à porta, o que "para as pequenas livrarias foi uma boia de salvação no anterior confinamento”.

Esta medida é "imprescindível", é muito importante para um determinado segmento livreiro, assim como "era muito importante que [o Ministério da Cultura] apresentasse algumas sugestões para todo o mercado editorial e livrarias em geral”, acrescentou, frisando que "não pode ser só um empurra para o Ministério da Economia e para o que lá se faz”.

O responsável receia que o Ministério da Cultura faça o mesmo que fez anteriormente: “eximiu-se sequer de se envolver nessas dificuldades, empurrou todo e qualquer assunto do setor do livro para o Ministério da Economia e para os apoios gerais que há para qualquer empresa”.

“Tal como os meios de comunicação foram tratados pelo Ministério da Cultura, também todo o setor do livro merecia que fosse tratado com alguma atenção pelo Ministério da Cultura, tendo em conta que acaba por ser uma atividade que é a maior atividade cultural do pais, por muito surpreendente que possa parecer, mas é, e que não é tratada pura e simplesmente”, considerou.

João Alvim referia-se aos apoios de 15 milhões de euros destinados ao plano de ajuda à comunicação social no ano passado.

“Vejo com grande preocupação aquilo que se vai passar durante os próximos meses, mas mesmo muita preocupação, porque se já vinha de uma situação dificílima, não sei já avaliar o que é que se vai passar daqui para a frente neste setor”, afirmou.

O responsável lembrou que no ano passado o setor caiu 18%, o que “é uma quebra muito significativa”.

Os meses de confinamento foram “um desastre muito grande”, depois o mercado reequilibrou-se, “mas os 18% que desapareceram, desapareceram mesmo, o que é um volume de atividade que desaparece, que significa prejuízos para toda a gente, significa dificuldades imensas”.

O ano começa assim “em dificuldade”, porque ainda o setor não tinha absorvido o prejuízo anterior e começa-se um novo ano, num momento em que se estava a fazer o que se faz sempre no primeiro trimestre - apuramento de vendas do ano anterior, acerto de devoluções de mercadoria, acerto dos direitos autorais –, com tudo parado.

“É o pior momento em que uma situação dessas pode acontecer, porque o ano não arranca, simplesmente não arranca, e o peso que vem de trás cai todo neste primeiro trimestre”, desabafou.

O segmento mais preocupante são as médias empresas, na perspetiva da APEL, já que muitas vezes são os mais pequenos que têm mais flexibilidade e capacidade de resistência, em grande parte por serem muitas vezes pequenas empresas, em nome pessoal ou individual, com estruturas muito leves e que conseguem encontrar soluções.

Para os grupos maiores, é uma situação que vai obrigar a uma descapitalização das empresas, porque o peso dos custos é muito grande.

Para as médias editoras e livreiros com alguma dimensão e alguma estrutura, “a coisa pode ser dramática, porque sem apoios e dificuldade de recorrer ao Ministério da Economia, sendo um setor que já era frágil, tendo já uma estrutura de pessoas a seu cargo, aí é que vai ser muito, muito difícil”, afirmou.


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