Autor: Lusa/AO online
O concurso surge quase cinco anos depois de, em 2009, os Açores terem recusado o "Atlantida", construído nos estaleiros de Viana do Castelo, alegando que o barco não cumpria o caderno de encargos.
Os Açores alugam atualmente dois barcos a um armador grego para o transporte de passageiros e viaturas entre todos os grupos de ilhas do arquipélago nos meses da primavera e do verão.
"Com navios próprios conseguimos fazer a gestão da atividade dos navios, temos completa autonomia de decisão sobre concretizar viagens, alterar horários e conseguir fazer viagens de verão e de inverno", disse Carlos Reis, presidente da Atlanticoline, numa conferência de imprensa em Ponta Delgada.
Carlos Reis justificou a opção por construir dois navios também com os custos, dizendo que haverá recurso a fundos comunitários, o que "minimiza o investimento necessário", e que, "a prazo, vai sair muito mais económico do que a opção de fretamento" atual, já que a vida útil dos barcos é de 20 a 30 anos.
Os dois barcos a ser construídos são iguais, para rentabilizar meios a nível da manutenção e formação das tripulações, por exemplo, facilitar aspetos como a permutabilidade e permitir poupar na própria construção.
Os barcos terão capacidade para pelo menos 650 passageiros e 150 viaturas (ou 40 carros e 12 autocarros), números semelhantes aos dos barcos alugados e que dão resposta à procura que a Atlanticoline estima ter nos próximos anos.
Segundo Carlos Reis, em 2013 a empresa transportou 112.104 passageiros (menos 4% do que em 2012) e 17.853 viaturas, tendo a expectativa de que haja um crescimento da procura de 15 a 20% quando houver recuperação económica e face à aposta das autoridades regionais no setor do turismo.
O concurso hoje lançado é para a construção de dois barcos de 115 metros e 725 toneladas, em aço e que atinjam uma velocidade de 25 nós.
Os barcos terão 20 camarotes, pelo menos 100 cadeiras ao ar livre, primeira classe, espaço de bar e refeições, lojas e uma zona de crianças, além de haver exigências a nível do ruído, vibração, conforto para passageiros e tripulação, entre outras.
Carlos Reis explicou que o tipo e as características pedidas para os barcos resultam da experiência da empresa com a operação realizada desde 2010.
O prazo para apresentação de propostas são 70 dias a partir de hoje e os barcos devem ser entregues em 580 dias (o primeiro) e 670 dias (o segundo). A Atlanticoline espera tê-los disponíveis para a operação de 2016.
Ao contrário do que aconteceu com o “Atlantida”, desta vez caberá aos estaleiros que ganharem o concurso a inteira responsabilidade de conceber os navios que respondam aos requisitos pedidos pelos Açores.
Carlos Reis sublinhou que "não há uma relação direta entre entregar um pré-projeto e correr mal", como aconteceu com o “Atlantida”, dizendo que isso também foi feito no caso dos dois novos barcos de 40 metros destinados às ligações entre as ilhas do triângulo (Pico, Faial e S. Jorge) "e nesse caso correu bem".
"Mas face àquilo que pretendemos, entendemos que faz mais sentido o estaleiro estar envolvido desde o início, desde a fase da conceção, até ao fim (...), seja recorrendo a projetistas próprios ou a projetistas da sua confiança", afirmou.