Açoriano Oriental
Sarkozy de novo em tribunal para responder por despesas excessivas em campanha

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy esteve novamente em tribunal, desta vez ausente, pelas despesas excessivas da sua segunda campanha presidencial, em 2012.


Sarkozy de novo em tribunal para responder por despesas excessivas em campanha

Autor: Lusa/AO Online

Após um falso início em meados de março, o chamado julgamento Bygmalion – que tem o nome da agência de comunicações ligada ao seu partido, a UMP (agora Les Républicains) - começou com uma série de exigências processuais áridas, nomeadamente por parte da defesa do antigo chefe de Estado.

O seu histórico advogado, Thierry Herzog, explicou durante mais de uma hora porque acreditava que Nicolas Sarkozy não tinha lugar no tribunal neste caso.

Os seus 13 coarguidos - antigos executivos do Bygmalion e da UMP (direita), e contabilistas - acusados de fraude ou cumplicidade, e que enfrentam até cinco anos de prisão, estiveram presentes na sala principal.

Entre eles esteve Jérôme Lavrilleux que revelou, numa surpreendente confissão televisiva, em 2014, o sistema de faturas falsas concebido para esconder as despesas excessivas da campanha de Sarkozy.

Nicolas Sarkozy, que está a ser julgado por “financiamento ilegal de campanhas”, enfrenta um ano de prisão e uma multa de 3.750 euros no caso Bygmalion e já indicou que estará presente para o seu interrogatório, agendado para a semana de 14 de junho.

No início de março, tornou-se o primeiro ex-presidente da V República a ser condenado à prisão, tendo-lhe sido dado três anos de prisão, dois dos quais suspensos, por corrupção e tráfico de influência, mas apelou.

Segundo a acusação, Nicolas Sarkozy deixou derrapar as despesas, apesar de vários avisos claros sobre os riscos de exceder o limite máximo, e “sem dúvida” terá beneficiado da fraude que lhe permitiu ter “meios muito maiores” do que os que a lei permitia.

A lei permitia a utilização de 22,5 milhões de euros, no máximo, mas Sarkozy terá usado quase o dobro: 42,8 milhões de euros.

Esta primeira audiência foi marcada pela revolta de vários advogados e da acusação, contra as partes civis “farsantes” constituídas neste caso.

Entre eles está uma “princesa”, mas também um suposto membro da UMP, que se sentiu traído pela fraude. Através do seu advogado, este membro “fantasma”, mas desapontado, argumentou que Jean-Francois Copé, o antigo chefe da UMP, não podia ignorar os 20 milhões de euros excedidos nas contas de campanha e pediu que Copé fosse citado como uma “pessoa civilmente responsável”, reclamando um euro por danos morais.

A acusação tinha considerado “espantoso que ele não tivesse tentado compreender” porque é que o seu partido estava “à beira do incumprimento”, no final de abril de 2012, mas considerou que não havia provas de que ele tivesse sido informado do sistema de faturas falsas ou de que o pudesse ter detetado.

“Estou a começar a ficar farto destes partidos civis totalmente fantasiosos que vêm às audições dos media como se estivéssemos no circo”, disse Julia Minkowski, advogada de Copé.

Entretanto, vários dos seus colegas tomaram a palavra para concordar, pedindo que estes “ridículos” partidos civis fossem declarados inadmissíveis desde o início da audiência.

A audiência será retomada na sexta-feira neste julgamento que está agendado para durar até 22 de junho.


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