Autor: Manuel Silva
Com recurso às redes sociais, inúmeros produtores fizeram da sua casa o palco para levar a música de dança ao público fechado em casa.
Moullinex não foi exceção e foram muitas as noites de DJ Set com muita música de dança, luzes psicadélicas e ananases à mistura. Agora, o jogo é outro. Em plena pandemia, há novo álbum, “Requiem for Empathy”, e a promessa de gritar (mais uma vez) que música de dança pertence aos clubes, ao autorádio, ao CD, ao stream e até ao vinil, numa edição de encher o olho a qualquer colecionador.
O álbum saiu ontem, 30 de abril, mas no momento do fecho desta edição
ainda estamos às escuras - “Running in the Dark”, a fazer jus a um dos
singles já avançados. Ao primeiro soar de “Running in the Dark”
rapidamente nos apercebemos de uma aura mais densa,
mais sombria, que agora reside em Moullinex. Talvez pelo peso de um
confinamento devastador, há agora um contraste claro com o tom de festa
rija de “Hipersex”, o psicadelismo inusitadamente leve de “Elsewhere” e
com o disco funk de “Flora”. Sem perder personalidade,
Luís Clara Gomes reinventa-se naquele que promete ser mais um grande
álbum. “Minina di Céu“, com a participação de Sara Tavares, e Inner
Child, com GPU Panic, só nos vêm dar razão.
“Requiem for Empathy” é a nova vida de Moullinex. Talvez seja mesmo o
espelho da nossa nova vida. O mundo mudou, nós vamos continuar a mudar
com ele e a arte vai acompanhar-nos até ao fim, por mais maltratada que
possa ter sido. Se este é o nosso futuro, estamos
bem entregues.