Autor: Lusa/AO Online
“É esta a razão principal pela qual o Partido Socialista votará contra estas propostas de Plano e Orçamento, por uma razão simples, é que estas propostas de Plano e Orçamento não respondem àquilo que as famílias, que as empresas, que a sociedade açoriana necessitaria que estivesse a ser feito neste momento”, afirmou o líder regional socialista Vasco Cordeiro.
O ex-presidente do Governo Regional dos Açores e líder do maior partido da oposição falava, em Angra do Heroísmo, numa sessão pública sobre o Plano e Orçamento da Região organizada pela estrutura do PS da ilha Terceira.
No dia em que o líder nacional do Chega disse ter dado instruções ao deputado único do partido nos Açores para retirar apoio ao Governo Regional, Vasco Cordeiro acusou o executivo açoriano, da coligação PSD/CDS-PP/PPM de não se ocupar da sua função por estar “distraído”.
“Está desde logo ocupado a cuidar da sua sobrevivência. Aliás, como hoje se comprova bem”, apontou.
O líder regional socialista considerou que as propostas de Plano e Orçamento da Região não dão repostas a um cenário de prevísseis “perturbações” nos preços, na inflação e nas taxas de juro.
“Os Açores precisam de ter um governo focado nestes aspetos, em procurar e dar as melhores respostas àquelas que são as tempestades que se avolumam no horizonte”, frisou.
Vasco Cordeiro lembrou que o Chega não foi o único partido a ameaçar rasgar o acordo de incidência parlamentar com os partidos que formam a coligação e criticou a postura do executivo açoriano.
“Assistimos a toda esta telenovela, porque não tem outro nome. Às segundas, quartas e sextas é um partido que tira o apoio, às terças, quintas e sábados é outro partido que tira o apoio e ao domingo temos a única entidade que tem a responsabilidade de garantir as condições de estabilidade a dizer que está tudo bem”, salientou.
Para o líder regional socialista, os Açores estão “a cair numa situação em que o futuro da região já é quase negociado a pataco”.
“Há algo de errado e é fundamentalmente o facto de estar a falhar quem se assumiu como o garante da estabilidade desta solução, porque o problema, em bom rigor, não é dos pequenos partidos. Esses apenas estão a denunciar aquilo que, na sua opinião, não está a ser cumprido”, frisou.
A Direção Nacional do Chega pediu ao Chega Açores para retirar o apoio ao Governo regional, acabando com o acordo de incidência parlamentar, anunciou o líder do partido, André Ventura, no parlamento.
Em conferência de imprensa, André Ventura justificou a retirada de apoio ao Governo açoriano com a postura manifestada reiteradamente pelo líder do PSD, Rui Rio, de rejeitar acordos pós-eleitorais com o Chega.
O deputado único do Chega na Assembleia dos Açores, José Pacheco, disse que ainda está em “negociações” com o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) salientando que é sua a “última palavra” sobre o apoio ao executivo.
“A última palavra há de ser minha. Estamos em conversações. Até sexta-feira vamos amadurecer isso tudo. Satisfeito [com o Governo Regional], eu não ando”, declarou José Pacheco à agência Lusa.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
No arquipélago, PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL.
O deputado independente Carlos Furtado, eleito pelo Chega mas que, em julho, perdeu a confiança política da direção nacional do partido, manteve o apoio ao Governo dos Açores.
Se o deputado único do Chega, José Pacheco, deixar de apoiar o executivo, este passa a contar com o apoio de 28 deputados, insuficiente para garantir maioria absoluta no hemiciclo (29).
Além disso, o deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, revelou em 05 de novembro que o seu sentido de voto não está fechado, mesmo depois de o Governo Regional ter reduzido o nível de endividamento previsto no Orçamento e no Plano para 2022, tal como tinha exigido o parlamentar.
A Assembleia Legislativa Regional dos Açores começa na segunda-feira o debate sobre o Plano e Orçamento do Governo para 2022.