Açoriano Oriental
Provedor da Santa Casa do Nordeste exige pedido de desculpas do hospital

O provedor da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste, José Carlos Carreiro, exigiu este domingo que a diretora clínica do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, assuma a responsabilidade pela infeção com Covid-19 da utente do lar da Santa Casa e que peça desculpa aos utentes pelo sucedido.

Provedor da Santa Casa do Nordeste exige pedido de desculpas do hospital

Autor: Ana Carvalho Melo
“A diretora clínica do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) devia assumir a sua responsabilidade e deveria pedir desculpa aos nossos utentes e à nossa Santa Casa, em vez de vir escamotear e atirar poeira para os olhos das pessoas. Isto não pode ser e é muito grave e estamos muito indignados com a situação”, afirmou José Carlos Carreiro, em reação a um comunicado do hospital assinado por Maria Emília Santos, no qual afirma que os contágios no Lar de Idosos do Nordeste não se deveram “a qualquer falha ou falta dos procedimentos” daquela unidade hospitalar.

Segundo o provedor, a intenção da mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste “não é alimentar qualquer polémica no momento atual, que é de dor e de tristeza, que atinge a nossa terra e os seus habitantes e em que entendemos virar a página e voltar as nossas atenções nas necessidades dos nossos utentes que estão muito carentes”, mas acrescenta que não pode permitir que “alguém venha distorcer os factos do que aconteceu relativamente a uma nossa utente que foi infetada no hospital do Divino Espírito Santo”.

Nesse sentido, José Carlos Carreiro, questiona por que razão o HDES foi testar se a utente estava infetada com Covid-19 vários dias depois desta ter recebido alta hospitalar.

“A pergunta que faço em primeiro lugar é: se a utente não apanhou o vírus no HDES, como parece sustentar a senhora diretora clínica, então por que razão o hospital sem qualquer aviso prévio apareceu no lar de Nordeste depois da alta do utente, quase à socapa por sua iniciativa para recolher amostras à utente em questão, informando o lar de que o faziam porque tinha aparecido um caso positivo na enfermaria onde aquela doente tinha estado internada?”, questionou.

Lembrou também que à altura dos acontecimento já existia uma circular da Direção Geral de Saúde a recomendar que todos os idosos que tivessem alta hospitalar fossem testados ao Covid-19.

“Depois, respondendo também à senhora diretora clínica que não era necessário [a realização de testes], eu gostaria de lhe lembrar que a circular Covid-19 número 9 de 11 de março da Direção Geral de Saúde no seu número 4 diz: “Quando o utente tenha estado fora da instituição compete ao hospital onde esteve internado realizar teste para SAR-Covid2 antes do regresso à instituição”. Isso é muito claro e é assinado pela doutora Graça Freitas. Esta circular foi assumida pela Autoridade de Saúde Regional e distribuída. Como é que a senhora diretora, que anda provavelmente distraída, não tem conhecimento desta circular?”, acrescentou.

José Carlos Carreiro lembrou ainda que esta utente teve alta hospitalar sem qualquer recomendação de isolamento.

“A equipa de enfermagem da Santa Casa, e ao que parece também um familiar, questionou a equipa médica que tratava esta doente sobre como é que ela vinha para o Nordeste sem fazer o teste e responderam que não era necessário, que não havia ninguém infetado na Unidade onde a doente estava a ser tratada e até escreveram na alta: “Sem indicações para isolamento”. Isto é muito grave. Apesar disso, e cumprindo o que pedia a circular da Direção Geral de Saúde, nós pusemos a senhora em isolamento. Esta é a verdade dos factos”, declarou.

Referindo-se ao comunicado deste domingo da diretora clínica do Hospital do Divino Espírito Santo, no qual é afirmado que a paciente foi submetida a “colheitas e análises para despiste de bactérias multirresistentes”, que “tiveram resultado negativo”, antes de regressar ao lar de idosos, no dia 27 de março, o provedor da Santa Casa afirma que “o Covid-19 é um vírus”.

"A senhora diretora mostra um mau serviço à nossa população ao afirmar que fizeram teste a bactérias. A senhora diretora ou não sabe da matéria ou está a confundir propositadamente vírus com bactérias para confundir a população. Queria lembrar que se trata do Covid-19 que é um vírus”, afirmou.

Neste contexto, José Carlos Carreiros defende que a diretora clínica do HDES devia assumir a sua responsabilidade e pedir desculpa aos utentes e à Santa Casa.
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