Autor: Lusa/AO Online
Num paralelo com o futebol, o comentador político Luís Delgado afirma que, ao fim de cerca de nove meses, «Obama não conseguiu marcar qualquer golo», enquanto que o investigador e analista Miguel Monjardino considera que o Presidente norte-americano «não podia ter feito muito», mas apresentou «propostas interessantes».
“Há meses na Casa Branca não pode ter feito muito, mas fez propostas muito interessantes”, diz Miguel Monjardino, embora reconhecendo que a posição de Obama a nível interno é “menos forte” do que há um ano.
Já para Luís Delgado, o cargo de Presidente nos Estados Unidos é “mais ritual do que real” e o Congresso (composto pela Câmara dos Representantes e Senado) é o “centro do poder”, lembrando que os conflitos no Afeganistão e no Iraque continuam em aberto e Obama ainda tem quase três anos e meio para concretizar as suas propostas. "A realidade é muito mais dura”, sublinha.
Miguel Monjardino considera que, depois da eleição de Barack Obama há um ano para a presidência dos Estados Unidos - “um momento político histórico extraordinário para a imagem da América no mundo” -, actualmente “existem constrangimentos muito claros porque se está a regressar à normalidade política”.
“Há um ano havia muita esperança” associada à eleição de Obama, comenta.
Monjardino sublinha que Barack Obama herdou duas guerras (no Iraque e no Afeganistão) e uma complicada situação económica interna nos Estados Unidos.
O Iraque está “mais calmo”, mas em relação à actuação no Afeganistão existem “hesitações muito grandes do Presidente” e um “enorme debate” entre a Casa Branca e os militares, refere Monjardino.
Em relação à imagem dos Estados Unidos no mundo, Luís Delgado afirma que houve uma mudança de atitude e que Obama tem “um estilo completamente diferente” do antecessor George W. Bush.
Para Miguel Monjardino, o actual Presidente dos Estados tem uma “imagem fantástica”.
Em relação à atribuição do Prémio Nobel da Paz a 09 Outubro último, Luís Delgado afirma que Obama conseguiu o inédito de o receber sem “nada ter feito”, enquanto Miguel Monjardino defende que este teve um carácter “preventivo”.
A atribuição do Nobel da Paz ao Presidente dos Estados Unidos é como se, de novo num paralelo com o futebol, tivesse ganho o prémio de melhor jogador do mundo sem nunca ter marcado um golo, sublinha Luís Delgado.
Para Miguel Monjardino, o Comité Nobel norueguês quis "robustecer o capital político" de Obama, apenas nove meses depois de ter assumido funções.
Além de um capital de esperança e de reformas, Barack Obama defende um mundo sem armas nucleares, que é um objectivo muito caro para o Comité Nobel norueguês, considera Miguel Monjardino.