Açoriano Oriental
Presidenciais
Presidente não deve tomar posse se abstenção for "uma vergonha"

O candidato presidencial Vitorino Silva defende que a eleição de 24 de janeiro deve ser invalidada se não houver pelo menos 50% de votantes, argumentando que "vai ser uma vergonha" se a abstenção for esmagadora.

Presidente não deve tomar posse se abstenção for "uma vergonha"

Autor: Lusa/AO Online

“Vai ser uma vergonha se votarem só 10%, 12% ou 15%. Imagine que o [candidato] que for eleito Presidente da República é eleito por 10% dos votantes. Deviam ter vergonha de tomar posse (…). Acho que se não houvesse 50% dos votantes na eleição, não devia ser vinculativa. O Presidente da República não devia sequer tomar posse. Acredito nisto. É o que defendo neste momento”, disse Vitorino Silva, popularmente conhecido como “Tino de Rans”, em entrevista à agência Lusa.

O também líder e fundador do RIR (Reagir, Incluir e Reciclar) volta a candidatar-se a Belém depois de ter recolhido 152 mil votos (3,28%) nas presidenciais de há cinco anos.

Este ano Vitorino Silva receia “uma rachadela na democracia”, provocada pela pandemia, que agrave a abstenção em Portugal, que há cinco anos foi de 51,34%, de acordo com dados do Ministério da Administração Interna.

Por isso, o candidato é favorável ao adiamento das eleições, agendadas para 24 de janeiro, considerando que era possível “se os políticos quisessem”.

“Se houvesse um terramoto em Lisboa ou no país, de certeza que as eleições eram adiadas. Isso é treta. Defendo as eleições adiadas porque temos de ser responsáveis e temos de ter pulso. Neste momento não vejo políticos com coragem”, sublinhou.

Questionado sobre a impossibilidade de fazer uma revisão constitucional para adiar o sufrágio durante a vigência do estado de emergência, decorrente da pandemia e até ao dia das eleições, em 24 de janeiro, Vitorino Silva considerou que poderia ter sido feita nos últimos meses de 2020, uma vez que eram expectáveis o aumento de infeções pelo SARS-CoV-2 no início do ano e a descida das temperaturas.

“Em outubro. pedi uma reunião ao Presidente da República no Palácio de Belém, com o RIR, e em que dissemos que em janeiro faz um frio de rachar. Aquilo que sempre disse deixei lá. De outubro até aqui, o Presidente tem o contacto de todos os líderes partidários, e se eles se quisessem juntar, tenho a certeza de que era um tema consensual e alteravam a Constituição”, prosseguiu.

O candidato acrescentou que os atores políticos envolvidos na revisão constitucional que permitiria este adiamento do sufrágio nacional em outubro "tinham tempo”, uma vez que “sabiam” que o número de contágios “estava a evoluir”.

Vitorino Silva mostrou-se convicto de que os debates que protagonizou com os outros seis candidatos – que, inicialmente, não estavam previstos – alavancaram uma “visibilidade” que a candidatura que não tinha em 2016.

Esta maior notoriedade da candidatura é consequência da vontade da população “que estava com os olhos bem abertos” e que sabe que “chegou a hora de o povo atingir o papel principal”.

Apesar de um outro candidato, André Ventura – presidente do Chega e deputado único do partido no parlamento –, se reclamar como fora do sistema, Vitorino Silva refuta esta ideia, considerando que os portugueses percebem que esse título é atribuído à sua candidatura.

“[O povo] sabe que é uma candidatura fora do sistema, genuína, verdadeira, de uma pessoa que não está hipotecada a ninguém. O pessoal está farto de ver candidaturas que não estão ali ao serviço de Portugal, mas ao serviço de interesse e dos partidos”, explicitou.

O candidato criticou os adversários que têm o apoio de partidos, uma vez que “o cargo de Presidente da República é uninominal” e são “pessoas que vão contra pessoas, não partidos contra partidos”.

Apesar estar associado ao RIR, Vitorino explicitou que “a primeira coisa” que fez depois de anunciar a recandidatura “foi dar liberdade de voto a todos os militantes” do partido.

“Sou candidato, não só para as pessoas que votaram em mim há cinco anos, mas também para aqueles milhões e milhões que não votaram [em mim] e se arrependeram. Há muita gente que na rua, é a minha sede, o meu gabinete, que me dizem que não votaram em mim, mas que desta vez vão votar”, afirma o candidato, que se considera “mais povo” do que os restantes.

Vitorino Silva não 'se cola' a partidos, mas acredita que o passado como socialista lhe vai valer vários votos de militantes do PS, mais até do que para a candidata socialista Ana Gomes, que acusa de ser pouco ambiciosa na corrida a Belém.

“O PS é um partido com nome na praça. Há uma candidata do PS que o sonho dela é ficar em segundo, à frente do André Ventura. O PS não pode apoiar uma pessoa que quer ficar em segundo. O PS vai apoiar, e em peso, um homem que vai lutar pelo primeiro lugar”, sustenta.

Sobre os últimos cinco anos da Presidência, o candidato conhecido pelas alegorias não deu 'nota máxima' a Marcelo Rebelo de Sousa: “Acho que não se esforçou para ter um 18 ou um 19, não quer dizer que numa parte do mandato não estivesse ali a ganhar o 18 ou o 19, mas fraquejou um bocadinho.”

A crítica principal a um Presidente que ficou aquém dos 20 valores foi a falta de “distanciamento de António Costa”.

Vitorino Silva garantiu ainda que o RIR “foi criado para ir a votos” e vai participar nas eleições autarquias de 2021, em alguns “sítios sozinho, noutro em consórcio”, apesar de não revelar onde e com que forças políticas estão a ser ponderadas as coligações.


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