Açoriano Oriental
Pensionistas manifestam-se junto ao parlamento pelo aumento das pensões

Algumas centenas de reformados e pensionistas reuniram-se junto ao parlamento para pedir um aumento de 60 euros para todas as pensões e a criação de um cabaz de bens essenciais com preços fixos.

Pensionistas manifestam-se junto ao parlamento pelo aumento das pensões

Autor: Lusa


A concentração ocorre no dia em que a petição “Pela reposição do poder de compra de todas as pensões”, subscrita pela Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI), é discutida em plenário na Assembleia da República.

Empunhando cartazes com palavras de ordem como “Pela qualidade de vida, valorização das pensões” ou “Repor o poder de compra das pensões”, os participantes na iniciativa da MURPI reclamam que “seja possível viver com alguma dignidade”.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da MURPI, Isabel Gomes, adiantou que a concentração de hoje surge devido à perda do poder compra dos reformados, afirmando que “tudo vem sendo bastante mau”.

“Estamos aqui, porque um grupo de [35] peticionários apresentou um documento para a reposição do poder de compra de todos reformados e por um cabaz de compras com preços acessíveis para as reformas entre 380 e 600 euros”, disse.

Segundo Isabel Gomes, há pensionistas que têm dificuldades em adquirir bens alimentares, pagar a eletricidade, bem como a renda da casa.

“A única coisa que nos resta é que acreditamos que temos condições para mudar”, realçou, indicando que os reformados também “gostam da cultura” e precisam de distração.

Questionada sobre se tem havido diálogo com o Governo, Isabel Gomes referiu que não existe, acusando o Executivo do PS de não se lembrar dos reformados.

“(…) Existe muita coisa, mas reformados… Eles não se lembram de nós”, apontou, acrescentando que “quem luta pode alcançar ou não [os objetivos], mas quem não luta perde sempre”.

Também o presidente da Federação de Reformados de Leiria, Manuel Cruz, explicou à Lusa que sua situação “reflete a miséria em que está o povo português”.

“Em 2010, tinha uma reforma líquida média em 14 meses de 820,72 euros. Hoje, tenho 824 euros. No ano passado, tinha 815,90 euros. Tinha menos do que em 2010. Se [o Governo] tivesse aplicado no mínimo o valor da inflação, eu hoje teria no mínimo 935 euros. Mais de 120 euros a menos daquilo que seria normal da atualização”, afirmou o antigo engenheiro.

Manuel Cruz assegurou, no entanto, que tenta gerir a sua vida com aquilo que recebe no final de cada mês, verificando que tem de se privar de “muita coisa para poder gozar a vida em pleno”.

O presidente da Federação de Reformados de Leiria lembrou que os pensionistas ainda não conseguiram recuperar “as pensões perdidas” durante o período do Governo PSD/CDS, liderado por Pedro Passos Coelho (2011-2015), dizendo ser elementar a reposição de rendimentos e acusando o atual Executivo de insensibilidade.

Por sua vez, Almerinda Bento, professora aposentada, disse que é que “preciso ter noção” de que as pessoas presentes na concentração de hoje fazem “parte de um leque imenso” de um grupo social que está a viver com dificuldades.

Estas pessoas “estão a viver num mundo que muitas vezes as esquece, (…) é preciso que as pessoas tenham noção da necessidade de estarem na rua para estar contra um Governo de maioria absoluta que acha que pode fazer aquilo que quer”, sublinhou a docente, membro do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL).

Para Almerinda Bento, a cidadania tem de vir para a rua, porque a “democracia tem de demonstrar a sua força e a sua voz”.

Solidária com todos os reformados, a antiga docente recordou que – apesar de “não ser o melhor exemplo” – um professor que entre na reforma antes do tempo “leva um corte muito grande” na pensão.


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