Açoriano Oriental
Sociedade
Novos dísticos restringem venda e consumo de álcool
 Os estabelecimentos públicos, ou espaços abertos a frequência pública, nos Açores, vão passar a exibir, de forma bem visível, um aviso padrão com as restrições à venda e consumo de bebidas alcoólicas estabelecidas num diploma recentemente aprovado pelo Parlamento regional.

Autor: João Cordeiro
O aviso vai ser fixado nos espaços em causa em moldes semelhantes aos considerados para os alertas relativos às restrições aplicáveis ao consumo de tabaco.
Entre as indicações que constam do aviso figuram a interdição de consumo e venda de bebidas alcoólicas a menores de 16 anos e a quem se apresente notoriamente embriagado ou aparente possuir anomalia psíquica.
O aviso faz referência ainda à interdição de venda de bebidas alcoólicas em cantinas, bares, e outros espaços de restauração e de bebidas acessíveis ao público, localizadas em estabelecimentos de ensino e de saúde.
Esta medida do Governo procura, principalmente, reduzir o consumo de álcool nas camadas mais jovens da população.
Recorde-se que os Açores são uma das regiões do País onde o consumo de álcool é mais elevado, e onde, por exemplo,  são efectuadas cerca de 600 detenções por ano, em média, por condução sob efeito do álcool. Estas detenções acontecem principalmente aos fins-de-semana e a ilegalidade é cometida principalmente por jovens.
No entanto, tomando como referência o estudo de Alberto Peixoto, do Comando Regional de Ponta Delgada da Polícia de Segurança Pública, que compara dados referentes ao consumo de álcool no concelho da Lagoa em 2004, com os mesmos dados relativos ao ano de 2007, percebe-se que a evolução foi positiva.
O estudo revela que o consumo regular de álcool, entre estes anos, na Lagoa, desceu 24,4 por cento, sendo que em 2004, 55 por cento dos inquiridos consumia substâncias alcoólicas, enquanto que três anos depois, apenas 30,6 o fazia. No ano passado, dos 1412 lagoenses que foram objecto do estudo, 8,1 por cento consumia álcool diariamente, 4,8 por cento semanalmente, e 17,7 por cento ingeria bebidas alcoólicas apenas ocasionalmente. O mesmo estudo revela que em 2007, a cerveja, que manteve percentagem quase idêntica à de 2004, foi a bebida alcoólica escolhida por mais habitantes da Lagoa (41,8%), seguida pelo vinho (16,5%), que desceu nove pontos percentuais, relativamente a 2004. Curiosamente, dos 151 inquiridos em 2004, 36 por cento começou a beber álcool em casa, valor superior aos casos em que a primeira bebida alcoólica foi ingerida numa festa ou com o grupo de amigos. Em 2007, as festas foram as ocasiões privilegiadas para experimentar bebidas alcoólicas (45,3%), enquanto que o início do consumo em casa se ficou pelos 19,4 por cento.
 

Deixar dependência do álcool não é fácil
Entre os 432 consumidores regulares de álcool identificados no concelho da Lagoa, por um estudo de Alberto Peixoto, de 2007, estima-se que 40 eram dependentes. No entanto, apenas 3 tentaram abandonar a dependência, o que corresponde a 0,7 por cento dos consumidores regulares, e a 7,5 por cento dos dependentes. Entre os 3 que tentaram abandonar definitivamente a ingestão de bebidas alcoólicas, nenhum atingiu o objectivo. Os tratamentos para o alcoolismo variam consoante cada caso, e embora a maioria sugira uma abstinência de tolerância zero, é também possível reduzir o consumo progressivamente. Após o tratamento, que pode ser acompanhado por medicamentos, a terapia de grupo pode ajudar a resolver os problemas psicológicos da doença.
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