Açoriano Oriental
Morreu o empresário e editor discográfico Rui Valentim de Carvalho
O editor discográfico e empresário Rui Valentim de Carvalho, de 82 anos, faleceu esta segunda-feira, em Lisboa, disse um familiar.

Autor: Lusa/AO online

 

David Ferreira, sobrinho de Rui Valentim de Carvalho, destacou a “pessoa muito generosa” e o “homem de visão” que, com sua mulher, Maria da Graça, “tornou a Valentim de Carvalho [VC]”, fundada pelo seu irmão, em 1914, “na grande empresa de referência”.

“A ele se deve a rede de lojas e a grande expansão da empresa”, sublinhou.

Editor de Amália Rodrigues (1920-1999), de quem foi amigo, “teve um papel importantíssimo na divulgação da música africana”, recordou David Ferreira.

“Em 1974, a Valentim de Carvalho era maior em Angola do que em Portugal”, salientou.

Referindo-se ao seu percurso, David Ferreira recordou que, “aos 15 anos, Rui Valentim de Carvalho foi para a EMI, em Inglaterra, onde trabalhou na fábrica no Essex, nos estúdios da Abbey Road e até na loja da His Master Voice, em Londres, a vender discos; esteve num treino intensivo”.

Rui Valentim de Carvalho, que “sempre gostou de máquinas, tinha um especial gosto pelas novas tecnologias” e a ele se deve a construção dos estúdios da Valentim de Carvalho em Paço de Arcos, inaugurados em 1963, um projeto do arquiteto Conceição Silva, assistido por Tomás Taveira.

Os estúdios, assim como a antiga loja da VC, em Cascais, “são dois marcos da arquitetura portuguesa da década de 1960”.

Até então as gravações da Valentim de Carvalho, eram feitas no Teatro Taborda e no Clube Estefânia, em Lisboa.

Pelos estúdios de Paço de Arcos, considerados os mais bem equipados tecnologicamente, passaram desde Amália Rodrigues a Carlos Paredes, António Variações, António Mourão, Rui Veloso, Simone de Oliveira, Camané, os Pontos Negros e o Duo Ouro Negro, entre outros.

David Ferreira referiu ainda o grande interesse do tio sobre arquitetura e arte, e recordou a sua iniciativa de remodelação do Café Portugal, no Rossio, em Lisboa, numa loja VC, e a galeria do Palácio das Alcáçovas, onde funcionou a Galeria Valentim de Carvalho, “que foi um marco das artes plásticas na década de 1980”, dirigida por Maria Nobre Franco, segunda mulher de Rui Valentim de Carvalho, de 1984 até 1995. Maria Nobre Franco dirigiu posteriormente o núcleo de Sintra da Coleção Berardo, de 1997 a 2008.

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