Autor: Lusa/AO online
Em declarações aos jornalistas no Terreiro do Paço, em Lisboa, antes de um passeio de elétrico com a Presidente da Confederação Suíça, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o que se passou no debate do Orçamento do Estado para 2018 entre BE e Governo não o preocupa.
"Não me preocupa. Há duas coisas diferentes. Uma coisa é, realmente, o pluralismo, a divergência, os debates parlamentares ou fora do parlamento. Isso tem de ser, são vivos, faz parte da essência da democracia. Outra coisa é pensar que não haverá, no essencial, na fórmula de apoio ao Governo, a estabilidade suficiente para durar a legislatura", declarou.
O chefe de Estado desvalorizou "essa vivacidade ou intensidade dos debates", neste caso concreto entre BE e Governo, e acrescentou: "Eu continuo a pensar que a legislatura vai até ao fim".
O Presidente da República referiu que já foram aprovados três dos quatro orçamentos desta legislatura, "falta votar um só", no próximo ano.
"É verdade que é aquele que antecede as duas eleições [europeias e legislativas de 2019], mas, precisamente por isso, é aquele que ninguém está a ver que venha a provocar um problema pré-eleitoral antecipado", sustentou.
Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a considerar que este Orçamento do Estado foi "o mais complicado de elaborar", porque já depois da sua entrega "houve uma tragédia", e reafirmou que levará mais tempo a analisar o diploma.
O Presidente salientou que, por causa das medidas de resposta aos incêndios, "o Orçamento teve de ser mudado em pontos importantes, incluindo no défice", tornando "mais complexa a elaboração, até mesmo à votação final global" e, consequentemente, "um bocadinho mais trabalhosa a análise do documento".
"Precisarei de mais tempo entre o momento da chegada e o momento da promulgação. Mas, quanto mais depressa chegar, mais rapidamente estarei em condições de decidir sobre a promulgação", afirmou.
Na segunda-feira, a deputada do BE Mariana Mortágua acusou os socialistas de deslealdade e de cederem ao "poder das elétricas", voltando com a palavra atrás ao mudar o seu sentido de voto e chumbar uma nova taxa sobre as empresas de energias renováveis.
"Quando era preciso um primeiro-ministro com 'nervos de aço' para responder às empresas que pretendem manter rendas de privilégio, o Governo falhou", lamentou Mariana Mortágua.