Autor: Lusa/AO On Line
“Tenho vários projetos que têm de ser feitos. Uma ideia que gostava de filmar é o quadro ‘A ronda da noite’ que é [também] o último livro de Agustina Bessa Luís”, salientou Manoel de Oliveira, à margem da exibição na noite de quinta-feira, no Porto, da sua curta-metragem “Painéis de São Vicente de Fora, Visão Poética”.
O realizador destacou que “não gostava de passar desta para a outra sem” realizar esse filme mas que o quadro de Rembrandt, e livro de Agustina, não será o próximo até porque, frisou, tem “outras [ideias] à frente”.
Aos 101 anos, o mais velho realizador do mundo assegura que a energia que vai tendo é a que recebe “lá dos astros”, desconhecendo o tempo que terá ainda disponível.
“Mas não tenho pressa”, brincou.
Sobre o 102.º aniversário, que comemora no próximo sábado, Manoel de Oliveira diz que nem sabe se lá chegará e que se o conseguir “é uma sorte”.
Questionado sobre as suas duas longas-metragens em fase de financiamento, respondeu: “Só dois? Não. Eu ainda quero fazer mais”.
Na noite de quinta-feira, o auditório da Fundação de Serralves foi pequeno para acolher todos os que queriam assistir à curta-metragem de Manoel de Oliveira sobre os painéis de São Vicente de Fora.
O cineasta explicou que a ideia de fazer este filme nasceu das “duplas figuras de São Vicente” naquele políptico em que numa “o livro [bíblia] aparece aberto e na outra está fechado”.
A curta-metragem de 16 minutos reflete a interpretação pessoal do realizador sobre os painéis do século XVI que representam a sociedade portuguesa na altura dos descobrimentos.
Para Manoel de Oliveira, simbolizam ainda um “apelo à paz humana