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João Medeiros quer viajar dos Açores até ao pódio da 83.ª edição

A insularidade não foi um obstáculo para João Medeiros singrar no pelotão nacional, com o único ciclista açoriano na 83.ª Volta a Portugal a ambicionar subir ao pódio final como melhor jovem, após ter ultrapassado “um ano massacrante”.

João Medeiros quer viajar dos Açores até ao pódio da 83.ª edição

Autor: Lusa/AO Online

Aqueles que viajarem para São Miguel, nos Açores, poderão, por acaso, enquanto deambulam pela ilha, deparar-se com um ciclista solitário, sem saber que aquele miúdo, vestido de branco e vermelho, é, na realidade, o primeiro açoriano a participar na prova ‘rainha’ do calendário nacional em mais de três décadas.

Num arquipélago sem tradição no ciclismo profissional, o corredor da LA Alumínios-Credibom-MarcosCar, que no ano passado sucedeu a Fernando Ventura como representante açoriano na Volta a Portugal, depois do seu antecessor ter participado nas edições de 1984, 1985 e 1986, é uma raridade.

“Apesar de ser o único profissional que tem São Miguel, há mais atletas que também correm constantemente aqui fora – estou a falar do Luís Cabral e do Romeu Sousa – e há muitos outros ciclistas, mas, claro, a maior parte do meu treino é feito sozinho, porque normalmente tenho sempre treinos específicos, o meu horário não coincide com o deles. Mas também a verdade é que quando eu começo a ficar mesmo bastante farto de treinar sozinho, mando mensagem, tenta-se conciliar as coisas”, contou à agência Lusa.

João Medeiros reconhece que a logística de viver nas ‘ilhas’ nem sempre é fácil, porque tem de apanhar “muitos voos para vir para o continente”.

“Por acaso, o ano passado adotei uma estratégia diferente. Ficava muito tempo cá, cheguei a ficar um mês, dois meses ‘cá fora’. Era um bocado massacrante a nível psicológico. Ficava muito no hotel da equipa, entre casas. Também tínhamos muitas corridas. Este ano, preferi adotar outra medida e viajo mais vezes. Vou mais vezes a casa para estar com a família, ter a minha rotina, as minhas coisas”, confessou.

A temporada difícil que passou permitiu-lhe, ainda assim, perceber que o ciclismo “é mesmo” o que quer fazer. “No final da época, fiz a retrospetiva do ano e ajudou-me mesmo a perceber o que eu queria. Este ano, tem sido diferente. Estou sempre focado na corrida, no trabalho, e acho que tem corrido superbem”, afirmou.

Por sair para treinar sozinho, o jovem de 22 anos vai ajustando as suas ‘obrigações’ de ciclista profissional aos seus ‘timings’.

“Às vezes, estou mais malandro, vou treinar sempre mais tarde. Varia um bocado. Principalmente quando a época começa, tento treinar mais pelas 11:00, meio-dia, que são as horas que começa a corrida. Acordo, tomo o pequeno-almoço, faço as minhas rotinas e saio para treinar”, detalhou à Lusa.

Depois de se apaixonar pela modalidade ainda em criança, por ‘culpa’ do pai, que “andava de bicicleta” e até criou a Associação de Ciclismo dos Açores, por não haver “muitas corridas em São Miguel” – “isso ajudou a pegar muito o bichinho” -, João Medeiros está a viver o sonho de estar na Volta a Portugal e logo pela segunda vez.

“Durante o ano, tentei estar sempre bem, mas, claro, acho que qualquer ciclista português, quando faz a antevisão da época, também pensa na Volta como um objetivo. Venho para aqui com algumas ambições, não escondo que gostava de estar na luta pela camisola da juventude, porque é o meu último ano na luta por esta camisola”, revelou.

Medalha de bronze na prova de fundo de sub-23 dos Campeonatos Nacionais e 16.º classificado no Troféu Joaquim Agostinho, o miúdo da LA Alumínios-Credibom-MarcosCar acredita que apreendeu bastante na sua estreia na prova ‘rainha’ do calendário nacional e agora quer mais.

“Não venho a pensar muito nas etapas, vamos ver dia a dia como o corpo reage, e esperar que no final da Volta esteja lá no pódio”, concluiu.


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