Açoriano Oriental
Governo quer simplificar leis sobre adoção para tornar processos mais rápidos
O ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, anunciou hoje uma simplificação legislativa para os processos de adoção de crianças e jovens para que demorem no máximo um ano.
Governo quer simplificar leis sobre adoção para tornar processos mais rápidos

Autor: Lusa/AO Online

Pedro Mota Soares falava na Conferência “Os Direitos da criança. Prioridade para quando?”, promovida pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC), para assinalar os 25 anos da Convenção dos Direitos das Crianças, que decorre em Lisboa até terça-feira.

Segundo o ministro, será feita uma compilação legislativa do processo de adoção numa só lei que seja mais clara e que permita maior rapidez nos procedimentos, tendencialmente não ultrapasse um ano.

Esta medida, adiantou, surge no âmbito do trabalho desenvolvido pelas duas comissões criadas há seis meses para rever o regime jurídico da adoção e melhorar o sistema de proteção de crianças e jovens em perigo.

O ministro adiantou que o arrastamento dos processos de adoção colide com o superior interesse da criança que deixa assim de ser protegido.

As comissões são integradas por representantes dos ministérios da Administração Interna, da Saúde, da Educação e Ciência e da Solidariedade, Emprego e Segurança Social e por "entidades com intervenção de reconhecido mérito na área da infância e juventude".

Uma das comissões é coordenada pelo procurador-geral adjunto Francisco Maia Neto e, a outra, pela procuradora-geral adjunta Lucília Gago.

O superior interesse da criança foi também um tema abordado pela presidente do Instituto de Apoio à Criança, Manuela Ramalho Eanes, durante a sessão de abertura da conferência.

Manuela Ramalho Eanes anunciou que o instituto apresentará até ao final do ano uma nova proposta para defender “o superior interesse da criança” e frisou como negativo Portugal ter ainda “um elevado número de crianças institucionalizadas” não estando assim a ser cumprido um dos direitos da convenção: o direito de ter uma família.

“Há ainda demasiadas crianças a viver em instituições, cerca de oito mil, é um excesso”, disse.

“Crianças que não têm condições de viver com as suas famílias biológicas deviam ter a oportunidade de viver em acolhimento familiar, beneficiando de maior carinho e atenção, como têm direito, quando a adoção não for logo possível”, frisou a presidente do IAC.

Segundo o último relatório de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens CASA, 8.445 estavam em 2013 em instituições de acolhimento.

Uma análise de 2006 a 2013 aponta para uma diminuição de 31 por cento. No entanto, o recurso a medidas de colocação institucional ainda se traduz, para muitas crianças e jovens, como a solução tida como a mais adequada, ainda que desejavelmente transitória.

O grupo dos jovens entre os 15 e os 17 anos é o mais representativo (2.839), seguido das crianças entre os 12 e os 14 anos (1.903).

De acordo com o relatório, as instituições de acolhimento, nomeadamente os Lares de Infância e Juventude (LIJ) e Centros de Acolhimento Temporário (CAT) são as respostas que mais representam a prevalência de uma cultura de institucionalização, acolhendo 7.530 (89 por cento) das 8.445 crianças e jovens, em situação de acolhimento.

Em famílias de acolhimento, é reduzido o número de crianças e jovens (374), sendo esta modalidade considerada ainda incipiente, um dado também hoje referido como negativo na Conferência que assinala os 25 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados