Autor: Rui Jorge Cabral
O Governo Regional quer reforçar a parceria que já existe
com a Igreja Católica nos Açores em projetos de combate à pobreza e à
exclusão social, seja de forma direta, através do trabalho no terreno
das instituições paroquiais, seja indiretamente, através das IPSS e das
Santas Casas da Misericórdia nos Açores.
O anúncio foi feito ontem
pelo presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, em
declarações aos jornalistas após receber no Palácio de Sant’Ana, em
Ponta Delgada, o novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues,
cuja entrada solene na diocese aconteceu no passado dia 15 de janeiro.
“Sim,
pode ser reforçado” o trabalho que “já fazemos, num compromisso de
parceria e de sinergias com os meios e os recursos que cada um tem” seja
através dos Centros Paroquiais, seja através das IPSS ou através das
Santas Casas da Misericórdia, em “contratos-programa com financiamento
público”, afirmou José Manuel Bolieiro.
Manifestando o
reconhecimento da importância que a Igreja Católica tem na cultura e na
identidade açoriana, no arquipélago e na diáspora, José Manuel Bolieiro
afirmou que “precisamos todos de colaborar, em parceria, pelo processo
de inclusão com sucesso e da realização da pessoa”, algo que se consegue
através da educação, mas também “na afirmação de uma cidadania
participativa” e na “solidariedade intergeracional” para com as crianças
e os idosos, “nestas extremidades onde a fragilidade social é mais
patente e precisa de quem cuide”.
Dirigindo-se diretamente ao novo
bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, José Manuel Bolieiro
destacou a situação da Diocese de Angra, após mais de um ano em sede
vacante, ter agora “um bispo, um líder, um pensamento e uma estratégia”.
Por seu lado, o bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues,
afirmou a intenção “de me colocar no caminho que a Região está a
percorrer”, ou seja, de afirmar a disponibilidade da Diocese de Angra em
colaborar com o Governo Regional em matérias que sejam da vocação da
Igreja, como é o caso da combate à pobreza e da formação para a
inclusão.
“A Igreja estará sempre disponível para ajudar a
concretizar o desenvolvimento integral da Região, para o bem das pessoas
e das comunidades”, afirmou D. Armando Esteves Domingues, após a
audiência com José Manuel Bolieiro.
Relativamente ao combate à pobreza, o bispo de Angra manifestou a sua vontade de “ver envolvida a estrutura da Igreja nas nove ilhas” neste combate, porque “os números preocupam-me, mas sobretudo preocupam-me as pessoas”.
Em declarações aos jornalistas, D. Armando Esteves Domingues revelou também que “não venho fazer milagres, eu sou o milagre”.
Explicando
a sua afirmação, o bispo de Angra disse que uma instituição por si só
“não pode mudar o mundo, mas pode-se mudar a ela própria e, com isso,
mudar também o mundo”.
D. Armando Esteves Domingues salientou
também a preocupação que a Igreja tem com a formação das pessoas, desde o
batismo até à morte. E utilizando uma comparação, afirmou que “eu gosto
pouco de festejar o golo, gosto sim de festejar a jogada que dá golo”.
Com isto, D. Armando Esteves Domingues queria dizer, por exemplo, que na
catequese, mais do que as festas, o que o novo bispo de Angra mais
aprecia é “a evangelização contínua” que se faz no dia-a-dia.
Na
formação que a Igreja promove, é também essencial para D. Armando
Esteves Domingues sensibilizar para o papel que cada um pode desempenhar
“sem estar à espera que o bispo diga ou o presidente da Câmara ou do
Governo digam”, porque “ninguém muda se não entender com a cabeça e com
coração” e a “Igreja pode dar muito contributo neste campo”, concluiu.
“Fazer nem que seja uma pessoa feliz” é uma máxima do bispo de Angra
“Fazer
nem que seja uma pessoa feliz”, é uma máxima de vida do novo bispo de
Angra, D. Armando Esteves Domingues, porque “não podemos fazer tudo de
uma vez, mas se com aquilo que eu fizer beneficiar uma pessoa, já valerá
a pena fazê-lo”.
D. Armando Esteves Domingues está nesta semana em
São Miguel, na sua primeira visita à mais populosa ilha açoriana desde
que entrou na diocese. Quando questionado sobre o risco de pobreza nos
Açores, que segundo o INE atinge cerca de 25% da população, D. Armando
Esteves Domingues lamentou que se “veja as estatísticas sempre pelo
negativo”, afirmando que gostaria de pensar também que 75% da população
não está em risco de pobreza e que se no próximo ano for 76% “já será
uma vitória”.