Açoriano Oriental
Formosinho Simões enaltece vantagens da queima de resíduos pelas cimenteiras
O catedrático Formosinho Simões, que liderou a antiga Comissão Científica Independente (CCI), reafirmou o seu apoio à co-incineração, após ter publicado num jornal da Lousã artigos em que enaltece o processo.

Autor: Lusa / AO online
Sebastião Formosinho Simões, presidente do Departamento de Química da Universidade de Coimbra, falava à agência Lusa, no dia em que as cimenteiras Cimpor e Secil revelaram ter entregue à Agência Portuguesa do Ambiente os estudos de impacte ambiental para a co-incineração em Souselas (Coimbra) e Outão (Setúbal).

    O cientista - que foi presidente da CCI, criada pelo Parlamento para acompanhar o processo da co-incineração, no início da década, quando o Governo era chefiado por António Guterres - disse que a queima de uma parte dos resíduos industriais perigosos (RIP) "será sempre necessária para garantir uma certa segurança".

    "Se as pessoas não valorizarem a ciência, deixam-se ultrapassar pelos seus sentimentos e rejeitam muitas necessidades modernas do tratamento de resíduos", afirma, num artigo intitulado "Romper o medo do tratamento de resíduos", publicado na última edição do semanário "Trevim", da Lousã, onde já tinha escrito, no Verão, uma primeira crónica sobre a "Emoção da estética e a humanização da ciência", salientando alegadas vantagens da co-incineração.

    A opção pela co-incineração dos RIP, sublinha, "não é uma questão de gosto", estando antes em causa a necessidade de "salvaguardar a saúde pública e o meio ambiente compatível com o desenvolvimento industrial" necessário para "viver numa sociedade moderna".

    Formosinho Simões alerta particularmente para o problema da eliminação das lamas produzidas nas estações de tratamento de águas residuais (ETAR's), recordando que, "um pouco por toda a Europa, tem sido usual utilizá-las para adubar os campos".

    Face à contaminação dos solos por metais pesados existentes em tais resíduos, o antigo presidente da CCI prevê "que uma maior quantidade destas lamas, depois de secas, serão queimadas em cimenteiras".

    "Os níveis de contaminação das lamas por metais pesados são suficientemente baixos para poderem ir para co-incineração e ficarem incluídos na estrutura do cimento, sem perigo para a saúde pública", conclui.

    A co-incineração dos RIP que restem após tratamento nos centros integrados de revalorização (CIRVER) pode contribuir para uma "certa segurança", reiterou hoje à Lusa Formosinho Simões.

    "Em vez de irem para Espanha, com gastos de tempo e energia no transporte, tentemos minorar os riscos para a saúde pública" em Portugal, através da sua queima nas cimenteiras, defendeu.
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