Açoriano Oriental
Empresários do Pico dizem que ligações aéreas interilhas respondem minimamente

O presidente da Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico (ACIP) considerou que a proposta de obrigações de serviço público do transporte aéreo interilhas responde em “números mínimos” nas ligações com aquela parcela.

Empresários do Pico dizem que ligações aéreas interilhas respondem minimamente

Autor: Lusa/AO Online

Em declarações à agência Lusa, Rui Lima disse que, ao abrigo das obrigações de serviço público do transporte aéreo interilhas, na rota Ponta Delgada/Pico/Ponta Delgada, a SATA Air Açores “transportou o triplo dos passageiros” a que era obrigada.

O responsável referiu que, no caso da ligação Terceira/Pico/Terceira, a operadora aérea “transportou menos cerca de um terço dos passageiros”.

Para Rui Lima, seria “extremamente fácil, técnica e estatisticamente, sustentar que a proposta agora em discussão [das obrigações de serviço público], relativamente à ilha do Pico, responde em números mínimos obrigatórios ao que foi a procura das rotas Terceira e Ponta Delgada”.

A abertura do concurso internacional para prestação de obrigações de serviço público de transporte aéreo interilhas nos Açores gerou discórdia entre as câmaras do comércio da região.

A centralização dos transportes interilhas no aeroporto de Ponta Delgada foi a principal questão levantada pelas câmaras de comércio na região.

O dirigente da ACIP abstém-se de comentários no “contexto ou opções políticas”, mas diz-se interessado em “responder sim, à procura económica e às necessidades empresariais da ilha do Pico”.

Segundo Rui Lima, com base em dados de 2018, existe uma “discrepância, na ótica origem e destino, entre o transporte efetivo de passageiros e os mínimos estipulados no contrato de obrigações de serviço público em vigor” para o interilhas.

“Este histórico serve de 'driver' na construção da rede 2020-2024 e permite adotar pressuposto para o novo contrato das obrigações de serviço público, assumindo a satisfação das necessidades dos passageiros de forma economicamente racional”, referiu.

Rui Lima considerou, a propósito da criação pelo Governo dos Açores de uma tarifa única de 60 euros para deslocação dos residentes entre as ilhas dos Açores, que “é muito positivo essa medida para a mobilidade dos açorianos”.

Na sua leitura, a medida “promove o turismo interno, pois é possível conhecer qualquer ilha dos Açores por 60 euros”.

Questionado sobre quais as perspetivas sobre a época alta de 2021 do turismo, o presidente da ACIP afirma que “nesta altura reina a incerteza do momento, em virtude da pandemia”, mas, no entanto, “há esperança que a situação evolua positivamente e que possa superar o ano de 2020”.

Entretanto, a associação, numa carta dirigida via email ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, solicitou que a ACIP seja consultada em “todos os assuntos que visem a ilha do Pico e os seu tecido empresarial”.

Refere-se, a título de exemplo, que em relação às obrigações de serviço público no transporte aéreo de passageiros interilhas “não houve qualquer pedido de opinião nem de parecer”.

“Consideramos que, apesar de lamentavelmente não sermos reconhecidos pelos nossos pares de Ponta Delgada, Angra e Horta, a nossa associação é legalmente constituída, reconhecida em todo o arquipélago pelo seu trabalho nos últimos 39 anos e, mais importante, tem a legítima representatividade dos empresários do Pico”, afirmou Rui Lima.

O dirigente apontou que “seria irrelevante referir que a ilha do Pico tem tantas empresas como o somatório das três restantes ilhas, representadas pela Câmara de Comércio e Indústria da Horta. Mas, mesmo que tivesse metade ou um terço, é justo, em pleno século XXI, que os picoenses sejam donos ou responsáveis pelo seu futuro”, sendo uma “fantasia pensar que não há legitimidade da ACIP na sua representatividade”.

Apesar de ter um “enorme respeito pelas três câmaras do comércio”, a ACIP “revê-se em muitas das posições da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores e gostaria de contribuir com estas instituições para o progresso dos Açores”.

“Não podemos, contudo, aceitar que o Pico e os seus empresário sejam excluídos de emitir opinião, relativamente ao que diretamente lhes diz respeito”, considerou o líder da ACIP.


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