Empresários dizem que anúncio da Ryanair “deve ser levado a sério”

Ainda a recuperar do impacto da perda da base operacional em Ponta Delgada, CCIPD vê com muita preocupação o anúncio do fim da operação da low-cost nos Açores



O anúncio da saída da Ryanair dos Açores pode significar um rude golpe no setor do Turismo na Região e deve ser levado a sério pelas entidades competentes, defendem os empresários ouvidos pelo Açoriano Oriental.

Gualter Couto, presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), diz que a decisão da companhia aérea low-cost causou “pânico” junto dos empresários do setor, considerando que, a concretizar-se, não será fácil reverter os seus efeitos, que terão um efeito cascata em toda a economia açoriana, não só a diretamente ligada ao turismo, podendo ser um “choque sem precedentes”.

“A decisão de encerramento da base da Ryanair em 2023 causou impactos económicos significativos, sobretudo em São Miguel, que ainda não conseguimos recuperar. Foram 94 mil lugares, do Inverno IATA 23/24, que perdemos. E isso nunca foi compensado pela SATA, pois estão em segmentos de negócio distintos”, afirmou ao jornal. 

Aliás, é com base nesta decisão que Gualter Couto entende que o anúncio não pode ser entendido como mera pressão da transportadora irlandesa junto da ANA Aeroportos, “Qual é a razão para não levar a sério, tendo em conta o histórico, como o que aconteceu com o fecho da base de Ponta Delgada?”.

O porta-voz dos empresários micaelenses sublinhou que a Ryanair não só é importante pelo fluxo turístico que traz aos Açores, como também é “muito importante em termos da promoção da Região. A Ryanair tem um impacto significativo no combate à sazonalidade”.

Para a CCIPD, apesar do motivo que leva a Ryanair a decidir terminar a operação nos Açores se dever a um conflito com a ANA Aeroportos e com o Governo da República, o Governo Regional não pode estar “alheio à sua responsabilidade neste processo”, por se tratar do setor “mais importante para a economia dos Açores”.

“Não podemos ter um Governo que só tira louros das companhias aéreas que querem viajar para os Açores na época alta”, afirma, questionando, ainda, a promoção “deficitária” que é feita pela Visit Azores.

“A Madeira investe muito mais que nós e é um destino maduro. A Madeira não brinca aos aviões, como nós. São verdadeiramente profissionais na promoção do destino”.

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