"É preciso pôr ordem nos negócios da noite", disse Alípio Ribeiro ao DE, numa entrevista publicada um dia depois de investigação da onda de homicídios violentos no Porto ter passado a ser coordenada directamente por uma equipa do Ministério Público.
Segundo o director nacional da PJ é preciso "contabilizar lucros, saber quem é que faz segurança nas discotecas e quem são as empresas”.
“Não podemos deixar o negócio da noite como um negócio à margem", acrescentou.
Quando continuam por descobrir o responsável ou responsáveis pela morte de seis pessoas ligadas a actividades de diversão nocturna no Porto, Alípio Ribeiro sustenta que não basta encontrar os autores dos homicídios, mas sim "acabar com as causas que os permitem".
Para atingir este objectivo, o director nacional da PJ adianta ser necessário definir o que é a actividade nocturna e sublinha que o lado mais visível da criminalidade poderá ser apenas a ponta do iceberg.
É preciso "ter a percepção de que associado à noite há um fenómeno de criminalidade complexa que integra não apenas estes actos violentos contra a vida, mas também os que têm a ver com o tráfico de droga, com o branqueamento de dinheiro e a fuga ao fisco", acrescentou.
Apesar de a definição de alvos concretos ser um traço comum aos homicídios que têm acontecido, Alípio Ribeiro considera tratar-se de "acontecimentos que criam sentimento de insegurança" que "têm de ser tratados pela investigação criminal".
O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, nomeou quarta-feira a procuradora Maria Helena Fazenda para dirigir e coordenar a investigação de todos os inquéritos relacionados com os homicídios e "alta violência contra pessoas" na noite portuense.
Maria Helena Fazenda, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), será coadjuvada por uma equipa de cerca de dez elementos, a qual será integrada por magistrados do Ministério Público e por elementos da Polícia Judiciária, da PSP e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Um segurança foi assassinado ao final da noite de domingo em Gaia, sendo, segundo fonte policial, o mesmo homem que acompanhava o empresário da noite Aurélio Palha, morto a tiro no final de Agosto, no Porto.
O crime de domingo à noite, em Gaia, ocorreu doze dias depois de um outro segurança ter sido abatido na zona ribeirinha da Alfândega.
Entre os seis assassínios ocorridos no Grande Porto nos últimos seis meses, o caso mais mediático foi o do empresário Aurélio Palha, dono da discoteca "Chic", abatido a tiro a partir de um carro em andamento.
Quando foi morto, Aurélio Palha estava a conversar, de madrugada, com Berto (o segurança que foi assassinado domingo à noite).
Director-nacional da PJ diz que é preciso pôr ordem no negócio de diversão nocturna
O director nacional da Polícia Judiciária (PJ), Alípio Ribeiro, defende, em entrevista hoje publicada pelo Diário Económico, que para combater os crimes relacionados com a noite é preciso pôr ordem no negócio da diversão nocturna.
Autor: Lusa/Ao online
