Autor: Carlota Pimentel
Entre as 81 imagens submetidas por fotógrafos de várias partes do mundo, a fotografia de um rabo-de-palha-laranja (Phaethon lepturus), uma ave raramente avistada nos Açores, valeu a Gerby Michielson o primeiro lugar na quarta edição do Concurso Internacional de Fotografia de Aves Marinhas da Macaronésia.
Trata-se “apenas da segunda vez que esta ave
foi observada em todo o paleártico ocidental”, revela a Associação
Asas do Mar, entidade organizadora do concurso, em nota de imprensa.
“Cada
ave rara tem a sua história e esta foi especialmente curiosa. (...)
Durante uma reunião na universidade, em Ponta Delgada, avistei
subitamente a ave atrás de um vidro, junto a um ar condicionado, onde
tentava nidificar. Foi nesse momento que capturei esta imagem única com a
Serra Gorda ao fundo. Um exemplo fascinante de uma ave que alterou a
sua rota migratória”, relatou Gerby Michielson, citado em comunicado.
Ao
Açoriano Oriental, Verónica Neves, presidente da Associação Asas do
Mar, afirmou que este concurso de fotografia “é uma forma fantástica de
divulgar e promover a biodiversidade ornitológica das ilhas atlânticas
(Açores, Madeira, Cabo Verde e Canárias)”, permitindo “dar a conhecer as
outras espécies que nidificam e visitam regular ou ocasionalmente as
nossas águas, para além das ubíquas e tão conhecidas cagarras”.
A fotografia de um garajau-comum (Sterna hirundo), intitulada “Últimas silhuetas”, garantiu a Anxo Cao o segundo lugar no concurso. Capturada ao entardecer na Caloura, a imagem revela um lado menos conhecido desta espécie.
“Nesta fotografia do entardecer, capturei um garajau-comum num momento diferente do habitual. Quis destacar o retorno à sua colónia costeira para descansar. Esta imagem mostra outro lado dos seus hábitos e reflete a sua vida noturna”, explicou o fotógrafo.
O terceiro lugar foi atribuído a Francisco Garcia, com a imagem de uma gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis), intitulada “Fotografia com som”. Tirada no ilhéu de Vila Franca do Campo, a fotografia realça a presença constante desta ave nos Açores e a sua ligação ao ambiente costeiro da Região.
“O som característico da
gaivota-de-patas-amarelas é inseparável de Vila Franca do Campo. Quem
visita a marina ou o ilhéu é recebido pelos seus chamamentos, um pano de
fundo natural que compõe a paisagem da Região”, avançou Francisco
Garcia, na nota.
A fotografia de um alcatraz-pardo (Sula leucogaster), captada por Tomás Melo, recebeu uma menção honrosa no concurso. Intitulada “Leucogaster no Gilberto Mariano”, a imagem retrata o encontro improvável entre esta espécie não nidificante nos Açores e os passageiros de um barco da Atlânticoline.
“Durante uma viagem de
ferry entre a Madalena e a Horta, um alcatraz surpreendeu todos ao
viajar tranquilamente nas cadeiras do piso superior, completamente
indiferente à presença humana. Ao sentar-me ao seu lado para tentar
fotografá-lo, ele aproximou-se ainda mais de mim, permitindo capturar
esta imagem especial”, recordou Tomás Melo.
Segundo o comunicado, na
categoria Jovem Fotógrafo, destinada a participantes com menos de 18
anos, os vencedores deste ano foram, em primeiro lugar, Gabriel Costa,
com a imagem “Lá vai ele”, capturada perto do ilhéu de Vila Franca do
Campo, retratando um cagarro (Calonectris borealis); em segundo lugar,
também Gabriel Costa, com a fotografia “A caminho do paraíso”, que
mostra os cagarros a regressarem às suas colónias ao cair da noite; e em
terceiro lugar, Tiago Freitas, com a imagem “Garajau à procura de
alimento”, capturada no Pico, onde se vê um garajau-comum (Sterna
hirundo) em pleno voo, enquanto se alimentava.