Açoriano Oriental
Comissão que investiga ataque ao Capitólio vai recomendar processos criminais

A comissão que está a investigar o ataque de 06 de janeiro ao edifício norte-americano do Capitólio vai recomendar processos criminais ao Departamento de Justiça enquanto termina de analisar o caso, indicou o respetivo presidente.

Comissão que investiga ataque ao Capitólio vai recomendar processos criminais

Autor: Lusa/AO Online

O congressista democrata Bennie Thompson, eleito pelo estado do Mississípi, disse igualmente à imprensa que a comissão da Câmara dos Representantes encarregada de investigar a invasão, a 06 de janeiro de 2021, do edifício onde funcionam as duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos espera publicar um relatório até ao final do ano.

Bennie Thompson afirmou que a comissão decidiu emitir pareceres recomendando acusações criminais, mas não revelou quem serão os alvos ou se o ex-Presidente Donald Trump estará entre eles.

“Por agora, haverá um documento separado enviado por mim para o Departamento de Justiça”, declarou Thompson à imprensa no Capitólio, acrescentando que a comissão vai reunir-se hoje, mais tarde, para debater os pormenores.

“A Comissão decidiu que deve ser considerado o encaminhamento de participações para entidades exteriores como parte final do seu trabalho”, disse um porta-voz, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).

“A Comissão tomará decisões sobre pormenores nos próximos dias”, acrescentou o porta-voz.

A decisão de enviar participações para o Departamento de Justiça não é inesperada: a congressista republicana Liz Cheney, representante do Wyoming e vice-presidente da comissão, anda há meses a sugerir que sejam feitas recomendações ao Departamento de Justiça para abertura de processos criminais, com base no extenso conjunto de provas reunido pelo painel de nove membros desde a sua formação, em julho de 2021.

Embora o Congresso possa fazer ao Departamento de Justiça denúncias criminais, cabe, em última análise, aos procuradores do ministério público decidir se avançará ou não com as acusações.

No último ano, a comissão referenciou vários membros do círculo próximo de Trump ao Departamento de Justiça por se recusarem a cumprir intimações do Congresso. Até agora, só uma acusação de desacato ao Congresso, contra Steve Bannon (ex-conselheiro presidencial), se transformou em acusação formal.

O painel – formado por sete democratas e dois republicanos – procurou criar o mais abrangente registo daquilo que os congressistas designaram como a “impressionante traição” por Trump do seu juramento de posse e uma tentativa sem precedentes dos seus apoiantes para impedir o Congresso de certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 03 de novembro de 2020.

A comissão construiu o seu caso contra o ex-Presidente norte-americano durante uma série de audiências públicas que começaram no início de junho e incluíram depoimentos presenciais e em vídeo de elementos da família de Trump, de assessores seus da Casa Branca e de outros aliados.

No final da última audiência, a comissão votou por unanimidade intimar Trump para testemunhar sob juramento e para este entregar os documentos que tem em sua posse. Em resposta, Trump processou o painel de congressistas.

Com a dissolução da comissão agendada para o final deste ano, os congressistas não parecem estar a bater-se fortemente por garantir o depoimento de Trump. Mas a recomendação de que seja indiciado por crime, tal como Cheney e outros sugeriram, poderá provar ser um argumento de encerramento muito mais eficaz.

Trump enfrenta outros problemas judiciais mais graves fora de Capitol Hill, como a investigação de Mar-a-Lago, centrada na potencial manipulação ilegal de documentos ultrassecretos.


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