Açoriano Oriental
Chefes da PSP entregram 2.300 cartas no MAI para manifestar desmotivação

Os chefes da PSP entregaram no Ministério da Administração Interna (MAI) 2.300 “cartas de desmotivação” para demonstrar que se sentem “desrespeitados, ignorados, discriminados e até humilhados” e a dar conta dos problemas que os afetam, como as carreiras.

Chefes da PSP entregram 2.300 cartas no MAI para manifestar desmotivação

Autor: Lusa/AO Online

O Sindicato Nacional da Carreira de Chefes (SNCC) da Polícia de Segurança Pública aproveitou a reunião de hoje com a secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, para entregar as 2.300 cartas, número que representa a totalidade de polícias com esta patente.

O presidente do sindicato, Rui Amaral, disse à Lusa que as cartas foram entregues no MAI, não tendo a secretária de Estado abordado as missivas e a reunião limitou-se aos assuntos que estavam na agenda e que tem vindo a ser abordados com as outras estruturas, designadamente segurança, higiene e saúde no trabalho e as alterações ao regime do trabalho remunerado.

“Vamos ficar à espera que o ministro da Administração Interna se pronuncie”, afirmou Rui Amaral, considerando que existem problemas mais graves que afetam os polícias, como as promoções e os suplementos.

Os chefes da PSP exigem “respeito, consideração, dignificação e valorização da carreira”, tendo o presidente do sindicato dado conta de que um chefe na PSP chega a estar no mesmo patamar “25 anos sem ser promovido”.

Rui Amaral explicou que o estatuto profissional da PSP estabelece que ao fim de oito anos um chefe pode ser promovido a chefe principal, mas “chegam a estar 25 anos” nessa categoria.

“Também foi vedada a possibilidade de promoções automáticas (que continuam a existir noutras forças e serviços de segurança), o que por opção gestionária originou estagnação da carreira de chefes", refere a missiva entregue no MAI, que alerta também para o facto da maioria dos chefes da PSP ter de esperar, em média, 25 anos por uma promoção à categoria superior, mesmo que cumpra todos os requisitos exigidos.

"Sendo que no mesmo período um oficial progride do posto de subcomissário ao de superintendente", refere a carta que elenca oito pontos como sendo os principais obstáculos ao futuro desta categoria.

O sindicato lamenta igualmente que tenha sido retirado aos chefes o direito de ascender a oficial de polícia, assim como a "possibilidade de aos 55 anos de idade e 36 de serviço passar para a situação de pré-aposentação".

Para o SNCC, a missiva pretende, “de forma simbólica e mais uma vez demonstrar a realidade dos chefes da PSP, como se sentem “desmotivados, desrespeitados, ignorados, discriminados e até humilhados”.

“Julgamos que é chegada a hora de algo ser feito em prol dos chefes da PSP”, sublinha ainda a missiva, que os chefes intitularam “carta de desmotivação”.

No âmbito do diálogo social que o MAI iniciou na segunda-feira com os sindicatos da PSP, Isabel Oneto reuniu-se hoje à tarde com o sindicato dos chefes, Sindicato dos Profissionais de Polícia e o Sindicato Nacional da Polícia.

Em comunicado divulgado após as reuniões, o Ministério da Administração Interna refere que nos encontros foram abordadas questões ligadas ao regime do trabalho remunerado e às regras de segurança, higiene e saúde no trabalho.

“Em relação ao trabalho remunerado, Isabel Oneto explicou que a iniciativa do Governo para atualizar o valor pago por hora de trabalho remunerado envolve também a criação de uma única tabela de pagamento, independente do tipo de serviço prestado”, refere o MAI.

O ministério indica ainda que ficou acordado realizar “reuniões bimestrais para, gradualmente, serem alcançados resultados nas diferentes matérias”.

A secretária de Estado vai reunir-se, em data a agendar, com as associações socioprofissionais representativas da Guarda Nacional Republicana.


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados