Autor: AO Online/ Lusa
“Nós temos muita pobreza – no país, somos a região que tem, proporcionalmente, mais pessoas e famílias apoiadas pelo Rendimento Social de Inserção, e isso é revelador -, mas, por outro lado, não temos essa lógica dos sem-abrigo tão caótica como acontece em Lisboa ou noutras cidades do continente”, assegura José Manuel Bolieiro.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada adianta que “há mais um exercício de mendicidade por opção própria, do que por um estado de necessidade e de abandono, isto é, por não haver soluções para eles”.
O autarca social-democrata acredita que, no maior concelho do arquipélago, e aquele onde o problema tem maior expressão, é possível acabar com a condição de sem-abrigo até 2023, como propõe o Presidente da República, “porque o estado atual não é calamitoso”.
“Atingir ou colocar uma meta para integrar ou eliminar a pobreza, que está reconhecida e sinalizada, eu penso que é possível. Isso não significa que não exista o risco de depois surgirem novos excluídos e nova pobreza”, já que o desenvolvimento acarreta, “por um lado, a vantagem de combater pobreza e exclusão, mas, por outro lado, o risco de gerar nova pobreza e nova exclusão”, afirmou.
A solução passa por “definir projetos de vida e de integração de pessoas através de uma empregabilidade dignificante”, um trabalho que deve ser feito através da “criação de uma rede de sinergias entre a região, as instituições e as autarquias”, e que “é para se ir fazendo sempre”, concluiu José Manuel Bolieiro.
A Secretaria Regional da Solidariedade Social avançou que, "no que diz respeito ao número de sem-abrigo na rua, a expressão da pobreza mais severa, está circunscrita ao centro de Ponta Delgada".
"Atualmente pernoitam pontualmente na rua, porque não aceitam acolhimento, 17 indivíduos, perfeitamente identificados e acompanhados ao nível da alimentação, higiene pessoal, metadona e saúde. Em acolhimento institucional encontram-se 96" pessoas, lê-se na resposta enviada à Lusa.