Autor: Lusa/AO Online
Apoiada pela Euronext Lisboa e as Fundações Gulbenkian e EDP, a Bolsa de Valores Sociais (BVS) arranca com a emissão de acções de quatro organizações e pretende alcançar outras instituições que desenvolvam projectos de carácter social.
Empresas ou cidadãos a título particular podem aceder ao site www.bvs.org.pt e escolher o projecto que pretendem apoiar com 10 euros ou mais, sendo que o registo de investidor lhes dá a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento da iniciativa que escolherem, bem como as contas relacionadas com a respectiva actividade.
Sob o lema "As boas acções estão sempre em alta", espera-se que o lucro do investimento seja um "retorno social" e constitua uma nova resposta aos problemas sociais, que ataque a raiz das causas, sem se ficar pelo mero assistencialismo, destacaram os responsáveis da plataforma.
As primeiras acções são emitidas hoje à noite e o objectivo é financiar projectos de quatro instituições já com trabalho consolidado em áreas distintas.
A Dinova, que trabalha na luta contra a toxicodependência, pretende desenvolver o projecto "Educação é a Melhor Prevenção", propondo-se criar um espaço de desenvolvimento pessoal e partilha em que participem pais e filhos.
A Cooperativa Terra Chã, uma agência de desenvolvimento local, precisa de apoio para criar um centro de interpretação da abelha e desenvolver a apicultura como fonte de rendimento da comunidade.
Os conhecidos doutores palhaços nos hospitais ou "Operação Nariz Vermelho" entram também nesta bolsa, dada a necessidade de financiamento e a vontade de provar cientificamente que o riso é benéfico para a saúde e o bem-estar do ser humano.
Outra instituição que decidiu entrar na bolsa é a Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 (APPT21), que, além da necessidade constante de financiamento, pretende levar avante um projecto de comercialização de peças adaptadas a que chama "geneticamente alteradas".
Para Isabel Mota, da Fundação Gulbenkian, a BVS pode constituir "um salto qualitativo muito importante" na resposta aos problemas sociais.
"Há uma grande generosidade em Portugal, mas temos todos a consciência de que precisamos de novas soluções", disse durante a apresentação da iniciativa.
O presidente da Euronext Lisboa, Miguel Ataíde Marques, garantiu, por seu lado, que as iniciativas inseridas na BVS serão objecto de "selecção e escrutínio", tal como as empresas cotadas em bolsa e sujeitas a critérios de transparência "como numa bolsa financeira".
Por outro lado, defendeu, acarreta "profissionalismo de gestão por parte das instituições de solidariedade social", proporcionando um encontro entre a oferta e a procura.