Açoriano Oriental
Bolsa de Valores Sociais nasce em Portugal
Portugal torna-se hoje o segundo país no mundo e o primeiro na Europa a lançar uma Bolsa de Valores Sociais, um conceito criado em 2003 no Brasil para financiar projectos de luta contra a pobreza e a exclusão.

Autor: Lusa/AO Online

Apoiada pela Euronext Lisboa e as Fundações Gulbenkian e EDP, a Bolsa de Valores Sociais (BVS) arranca com a emissão de acções de quatro organizações e pretende alcançar outras instituições que desenvolvam projectos de carácter social.

Empresas ou cidadãos a título particular podem aceder ao site www.bvs.org.pt e escolher o projecto que pretendem apoiar com 10 euros ou mais, sendo que o registo de investidor lhes dá a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento da iniciativa que escolherem, bem como as contas relacionadas com a respectiva actividade.

Sob o lema "As boas acções estão sempre em alta", espera-se que o lucro do investimento seja um "retorno social" e constitua uma nova resposta aos problemas sociais, que ataque a raiz das causas, sem se ficar pelo mero assistencialismo, destacaram os responsáveis da plataforma.

As primeiras acções são emitidas hoje à noite e o objectivo é financiar projectos de quatro instituições já com trabalho consolidado em áreas distintas.

A Dinova, que trabalha na luta contra a toxicodependência, pretende desenvolver o projecto "Educação é a Melhor Prevenção", propondo-se criar um espaço de desenvolvimento pessoal e partilha em que participem pais e filhos.

A Cooperativa Terra Chã, uma agência de desenvolvimento local, precisa de apoio para criar um centro de interpretação da abelha e desenvolver a apicultura como fonte de rendimento da comunidade.

Os conhecidos doutores palhaços nos hospitais ou "Operação Nariz Vermelho" entram também nesta bolsa, dada a necessidade de financiamento e a vontade de provar cientificamente que o riso é benéfico para a saúde e o bem-estar do ser humano.

Outra instituição que decidiu entrar na bolsa é a Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 (APPT21), que, além da necessidade constante de financiamento, pretende levar avante um projecto de comercialização de peças adaptadas a que chama "geneticamente alteradas".

Para Isabel Mota, da Fundação Gulbenkian, a BVS pode constituir "um salto qualitativo muito importante" na resposta aos problemas sociais.

"Há uma grande generosidade em Portugal, mas temos todos a consciência de que precisamos de novas soluções", disse durante a apresentação da iniciativa.

O presidente da Euronext Lisboa, Miguel Ataíde Marques, garantiu, por seu lado, que as iniciativas inseridas na BVS serão objecto de "selecção e escrutínio", tal como as empresas cotadas em bolsa e sujeitas a critérios de transparência "como numa bolsa financeira".

Por outro lado, defendeu, acarreta "profissionalismo de gestão por parte das instituições de solidariedade social", proporcionando um encontro entre a oferta e a procura.

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