Açoriano Oriental
Áreas marinhas protegidas podem trazer mais riqueza aos Açores

O administrador da Fundação Oceano Azul disse que a criação de novas áreas marinhas protegidas nos Açores terá um impacto positivo na preservação do ambiente, mas também poderá trazer mais riqueza à economia do mar.

Áreas marinhas protegidas podem trazer mais riqueza aos Açores

Autor: Lusa/AO Online

“Uma das ferramentas mais capazes que nós temos de poder desenvolver para inverter alguns destes padrões [aumento da temperatura do mar e maior acidez das águas] são as áreas marinhas protegidas”, destacou Emanuel Gonçalves, durante uma palestra no Teatro Faialense, na cidade da Horta, integrado no Fórum Autonómico, promovido pelo Governo Regional.

O investigador explicou que a Fundação Oceano Azul, em parceria com a Waitt Foundation e com o Governo dos Açores, estão a preparar um projeto que pretende transformar 30 por cento dos mares da região (cerca de 300 quilómetros quadrados), em áreas marinhas protegidas, metade dos quais em regime de “proteção total”.

“As áreas marinhas protegidas são a proteção do oceano e aquilo que isso significa, não só do ponto de vista de proteção ambiental, mas também do que significa de uma maior oportunidade da dimensão económica”, insistiu Emanuel Gonçalves.

Para o responsável, os dados científicos recolhidos até à data, bem como as zonas de proteção já implementadas noutras partes do mundo, como por exemplo, no México, permitem concluir que as áreas marinhas protegidas podem também trazer benefícios à própria classe piscatória.

“Quando implementamos estas área marinhas protegias, nomeadamente quando têm proteção total, nós vamos ter mais peixe, vamos ter peixes maiores, vamos ter mais espécies, e elas, obviamente, dão-nos os nossos bancos de capital natural, dão-nos uma ferramenta para a recuperação da natureza”, sustentou.

É fundamental que os governantes tomem medidas concretas no sentido de inverter os problemas ambientais que afetam todo o mundo, como o aumento da temperatura média do ar e da água do mar, para se possa evitar também a extinção de algumas espécies, considerou.

“Existem algumas espécies que já sabemos que não conseguem mergulhar às profundidades onde iam buscar as suas presas, por que o oxigénio ali existente não é suficiente para alimentar o seu elevado metabolismo. Estamos a falar, por exemplo, dos tubarões, dos espadartes, dos grandes predadores marinhos”, frisou Emanuel Gonçalves.

Também o presidente do Governo Regional, o social-democrata José Manuel Bolieiro, manifestou preocupação com a preservação ambiental e com a necessidade de serem adotadas medidas eficazes para combater o problema, e admitiu mesmo avançar com a criação de mais áreas marinhas protegidas na região, mas sempre em parceria com os parceiros ligados ao setor.

“Uma das soluções possíveis é, naturalmente, empenhar-nos nas áreas de reserva marinha totalmente protegidas, não para ser contra a economia da extração, não para estar contra os armadores, os pescadores e as comunidades piscatórias, mas sim para os proteger e valorizar”, realçou o governante, acrescentando que é possível aumentar o rendimento, com uma menor extração.

A Fundação Oceano Azul, instituída pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos (SFMS), é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objeto contribuir para a conservação e utilização sustentável dos oceanos.


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