Açoriano Oriental
Covid-19/Um ano
Apesar de “fortes prejuízos” comunidade chinesa quer cimentar presença em Portugal

 A comunidade chinesa em Portugal sentiu "um grande impacto" das recentes vagas da pandemia de covid-19 na sua atividade empresarial, mas apesar dos "fortes prejuízos" promete continuar a "trabalhar e investir" no país.

Apesar de “fortes prejuízos” comunidade chinesa quer cimentar presença em Portugal

Autor: Lusa /AO Online

"Os confinamentos prejudicaram muito as nossas empresas em Portugal, nomeadamente os restaurantes, as lojas e os armazéns de vestuário e outros artigos. Apesar de alguns encerramentos, a grande maioria vai manter a atividade e continuar a trabalhar e a investir", garantiu à agência Lusa Y Ping Chow, dirigente da Liga dos Chineses em Portugal.

O também presidente da Câmara de Comércio Portugal-China PME sublinhou a capacidade da comunidade em "se adaptar a novas formas de negócio" para contornar as dificuldades causadas pela obrigação de fecho dos seus estabelecimentos comerciais durante os confinamentos.

"Os prejuízos foram grandes, e podem ainda aumentar. Por exemplo, no setor do vestuário ficaram muitos artigos em ‘stock’ que já não serão vendáveis porque a moda passou. Mesmo assim, os empresários tentaram adaptar-se e procurar outras alternativas de negócio para manter os compromissos", acrescentou Y Ping Chow.

O dirigente da Liga considerou que a comunidade chinesa em Portugal foi "um exemplo" para sociedade neste período de pandemia, não só na forma como cumpriu as regras sanitárias impostas pelo Governo, como também pela postura adotada na atividade económica, que evitou problemas sociais.

"Os chineses estão muito habituados ao cumprimento das regras. Mesmo suportando grandes prejuízos, os empresários não fizeram boicote ao que foi imposto pelo Governo. Adaptámo-nos à realidade, tivemos um sentido de entreajuda na comunidade e, dentro das nossas possibilidades, demos um contributo para sociedade", vincou Y Ping Chow.

Além da questão empresarial, a comunidade chinesa teve também de lidar com um "difícil aspeto emocional", pois, com a suspensão de viagens entre os dois países, foi mais complicado o reencontro com familiares.

"A suspensão das viagens foi má para os negócios, mas também para as nossas ligações com a família. Deixou-nos, durante muitos meses, sem possibilidade de voltarmos às nossas raízes na China. É algo que está a acontecer em todo mundo e que acredito que vamos superar", acrescentou.

Y Ping Chow deixou, ainda, a garantia que a comunidade chinesa quer fazer parte ativa no relançamento da economia nacional no pós-pandemia e vincar o empenhamento com o país que os acolheu.

"A Câmara de Comércio Portugal-China PME vai continuar a trabalhar com as comunidades intermunicipais para promover a cooperação entre empresas chinesas e portuguesas. Queremos ser parte da solução nesta recuperação", concluiu o dirigente.

A comunidade chinesa em Portugal engloba cerca de 20 mil pessoas, espalhadas por todo o território nacional, e ligadas, sobretudo, aos setores do comércio e restauração.

Os dois primeiros casos de pessoas infetadas em Portugal com o novo coronavírus foram anunciados em 02 de março de 2020, enquanto a primeira morte foi comunicada ao país em 16 de março. No dia 19, entrou em vigor o primeiro período de estado de emergência, que previa o confinamento obrigatório, restrições à circulação em Portugal continental e suspensão de atividade em diversas áreas.

A suspensão ou restrição de atividade em variados setores, como restauração, comércio, turismo e cultura, entre outros, elevou o número de falências em Portugal, agravou situações de precariedade laboral e provocou aumento do desemprego.



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